APARIÇÕES DE MARIA E A DISCRIMINAÇÃO RACIAL.

4 fevereiro, 2022

Neste primeiro texto de uma pequena série de artigos sobre as aparições de Nossa Senhora, reconhecidas pela igreja católica, vamos aprofundar sua principal mensagem. Neste artigo necessidade de integração de seus filhos amados, de todas as cores.

A primeira aparição de Maria, reconhecida pelo Vaticano, foi a de Nossa Senhora de Guadalupe em 1531 no México, no “novo mundo”. As incríveis mensagens transmitidas inclusive pela imagem esplendorosa deixada no manto do humilde indígena Juan Diego, deveriam ser conhecidas por todos os cristãos. Maria reproduziu em seu manto (entre outras mensagens) as estrelas que a ciência comprovou, estavam na mesma posição como no firmamento em 12 de dezembro de 1531, dia de sua aparição.  Maria mostrava a mensagem clara:  o homem e o universo se encontravam para começar de novo, assim como mostravam as mensagens no céu. Nesta terra nova, Maria nos chama a nos renovar crenças e atitudes e a seguir o que seu filho nos ensinou: somos todos filhos do Pai. As aparições de Nossa Senhora de Guadalupe aos espanhóis e indígenas no Mexico nos símbolos de seu manto (tepet – símbolo azteca) temos a clareza que aquela era uma mensagem universal para a humanidade: o anseio pela integração respeitosa entre os povos e o igual valor “aos pequenos”. O rosto de Nossa Senhora de Guadalupe não é espanhol nem indígena, mas mestiço. O querubim (anjo da primeira hierarquia) que carrega Maria tem o rosto moreno. Todos somos seus filhos, todos temos valor. Mas, esse respeito não se deu e sabemos o que aconteceu aos indígenas da América colonizados pelos espanhóis e aos negros aqui no Brasil.

Da mesma forma Maria vestindo as indumentárias das mulheres de Israel, na aparição conhecida como a de Nossa Senhora de Sion (1842) em Roma trás o foco para as injustiças e a rejeição sofrida pelos judeus em tantos países. Sua missão de trabalhar pelo respeito e acolhimento do povo de Israel também não foi ouvida e um pouco mais de cem anos depois o preconceito era de tal porte que permitiu acontecer campos de concentração em 17 países, inclusive na Itália. Os de extermínio ficavam na Polonia, Ucrânia, Croácia e Bielorrússia. Desde esse período suas aparições tiveram outro enfoque, que veremos semana que vem. Ainda aqui queremos completar com um outro tipo de aparição que nos acalenta o coração até hoje.

Foi em 1777, que a nossa querida Nossa Senhora da Conceição “apareceu” no Brasil, um pouco gordinha em relação a outras imagens, de cor escura, do barro da nossa terra achada por simples pescadores, sendo que o corpo (Brasil) separado de sua cabeça (Portugal). Uma imagem que trouxe mensagens sutis de uma independência que viria, mas muito mais que isso trouxe milagres imediatos para seu povo sofrido, revelando desde o início que ali não existia apenas uma imagem, mas sim todo poder de intercessão da nossa mãezinha do céu por um povo humilde, cristão e de fé, com muitas esperanças no coração.

Um pouco mais de cem anos depois a Princesa Isabel, como soberana do Brasil, daria reconhecimento externo deste fervor ao assinar a abolição da escravatura e no mesmo dia dar o manto e a coroa à imagem à nossa querida Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Com seu povo livre, integrado, ela reconhecia que está na base desta soberania um povo naturalmente devoto com grande base na população negra e com a força e a persistência de todas as cores do povo trabalhador que formou nossa nação.

O racismo não é da natureza do nosso povo. Não ouça quem lhe diga o contrário! Mesmo que haja muitos brasileiros cristãos ou não que negam os ensinamentos de Jesus. A estes foram ensinados conceitos errôneos que até a ciência já ultrapassou, como a superioridade das raças, ou do homem sobre a mulher! Muito se criou na história para se subjugar o outro. Nossa base não é essa, mesmo que muitos precisem superar suas crenças.

Nosso povo é acolhedor, simples de coração. É inteligente, criativo. É da paz. Somos todos de uma forma ou outra mestiços. Somos povo agregador. Que ama estar em companhia. Somos um povo de Deus, um povo de fé!

Nossa Senhora Aparecida, padroeira nossa, não permita que o mundo (mau, como diria o poeta) nos separe de ti, queremos guardar as suas palavras. Segui-las.

Ajude a quem viveu anos como segregador a entender a insensatez científica de seu conceito que serviu aos gananciosos por poder sobre o outro e a dor que sua atitude causa no coração de Deus.

Ajude aos que viveram a segregação a perdoar seus opressores e a superar suas dores, seus traumas, sem cair em segregação às avessas.

Somos todos iguais e ponto final.

Vania Reis

 

 

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