Catequese e sua missão: Introduzir a Palavra de Deus, na Iniciação à Vida Cristã (I)
“E a Palavra habitou entre nós, e nós vimos a sua glória.” (Jo 1,14)
A catequese tem a árdua missão de introduzir, com profundidade, a Palavra de Deus na Iniciação à Vida Cristã. No caminho catequético, é necessário que exista um progressivo envolvimento com a Sagrada Escritura, a Palavra de Deus. “A missão de iniciar na fé coube, na Igreja antiga, à liturgia e à catequese” (CNBB, Doc.107, n. 70). A educação na fé é catequese, uma missão que compete à Igreja, acolher a Palavra que veio habitar entre nós e transmiti-la com competência.
Na Carta Apostólica, em forma de nota, próprio o Papa Francisco diz: “Toda a história da evangelização destes dois milênios manifesta, com grande evidência, como foi eficaz a missão dos catequistas” (Antiquum Ministerium, n.3). Importante observar com a Carta Apostólica apresenta a missão na catequese: “Missão evangelizadora” (n.2), “missão dos catequistas”, “missão insubstituível” (n.3), “missão própria do Bispo”, “missão no mundo”, também “missão na comunidade” (n. 5), “missão dos leigos” (n, 7) e a Carta Apostólica conclui: “missão salvadora da Igreja para o mundo” (n.11). A Igreja reconhece os incansáveis catequistas que anunciam o Evangelho de Cristo, com competência, inteligência e dedicação em evangelizar.
Jesus, revelado na humanidade, oferece vida e Salvação. Ele não impõe, não força ninguém; somente convida seus ouvintes a aceitar o dom da graça. Ele pede sinal de conversão: “Convertei-vos e crede no Evangelho” e isto apresenta uma experiência de fé adulta. Porque no centro desse percurso missionário da Igreja, encontra-se “Jesus de Nazaré”, Filho único do Pai. “O que vimos e ouvimos, o que as nossas mãos tocaram da Palavra de vida (…) isto nós vos anunciamos” (1Jo 1,1). Este anúncio precisa ser valorizado na leitura orante da Palavra de Deus, como método para o conhecimento pessoal e comunitário da Sagrada Escritura.
A missão da catequese é conduzir as pessoas na adesão a Jesus Cristo, introduzindo-as nos sacramentos da iniciação cristã, Batismo, Confirmação e Eucaristia. “A Iniciação à Vida Cristã é lugar privilegiado de animação bíblica da vida e da pastoral. Os processos de iniciação se fundamentam na Sagrada Escritura e na liturgia, educam para a escuta da Palavra e para a oração pessoal, mediante a leitura orante, evidenciando uma estreita relação entre Bíblia, catequese e liturgia” (CNBB, Doc. 107, n. 66). Depois, fortalecem esses que foram iniciados a permanecerem na centralidade do querigma, no amadurecimento e maturidade, na experiência mistagógica para favorecer no seguimento com Cristo. “Asseguro-vos que quem ouve a minha Palavra e crê em quem me enviou, tem vida eterna” (Jo 5,24).
A catequese tem a sublime missão de caminhar decididamente, anunciando a Palavra de Deus, no serviço e no testemunho da fé, vencendo as forças de incredulidade. “A liturgia também leva os féis a serem unânimes na piedade, depois de participarem dos sacramentos pascais, para que na vida conservem o que receberam na fé” (SC, n. 10). Por isso, a liturgia é cume e fonte da vida da Igreja, com missão de dia após dia transformar a vida dos catequizandos em morada espiritual de Deus, mergulhados no Mistério de Cristo presente nas celebrações litúrgicas. Como filhos de Deus, ainda dispersos sobre a face da terra, peregrinando ao encontro, até que se tornem um só rebanho, sob a proteção do único Pastor.
Olhando para a catequese em nossos tempos, cabe-nos perguntar: Para quais fronteiras o catequista (a) precisa ser enviado (a)? Para aquilo que é específico da catequese, anunciar Cristo e seu Reino, sendo discípulos e discípulas, missionários e missionárias da alegria e da esperança, num mundo marcado pelas descrenças, do individualismo, do imediatismo e do descartável. “Evangelizar no Brasil cada vez mais urbano, em comunidades eclesiais missionárias, pelo anúncio da Palavra de Deus” (DGAE 2019-2023, p.9). A centralidade da Palavra reconduz nossas comunidades eclesiais às suas fontes autênticas de missão. A catequese se renova à medida que a Sagrada Escritura for presença inspiradora e tenha influência em todo processo catequético.
O Papa Francisco alerta que, no contexto atual, há urgente necessidade de missionários e missionárias da esperança, da alegria, da ternura e da compaixão: “A atividade missionária, ainda hoje, representa o máximo desafio para a Igreja, e a causa missionária deve ser […] a primeira de todas as causas. Que sucederia se tomássemos, realmente a sério, estas palavras? Simplesmente reconheceríamos que a ação missionária é o paradigma de toda a obra da Igreja” (EG, n.15). Logo, precisamos de uma catequese, acolhedora, querigmática, mistagógica e missionária, ensinando aos catequizando o caminho que leva à fonte que é Cristo.
Pe. Roberto Francisco Sebastião Natal