Solenidade de São José

19 março, 2022

Marcílio Netto | José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado – Mt 1,24a 

A celebração da solenidade de São José evidencia a grande importância desse homem no seio da Igreja, em meio ao itinerário quaresmal a Sagrada Liturgia realiza uma “pausa” nos ritos penitenciais, para festejar em todo orbi a vida e missão do Esposo da Bem- Aventurada Virgem Maria. Proclamado como patrono da Igreja Católica pelo Papa Pio IX em 08 de dezembro de 1870 através do decreto Quemadmodum Deus, o Pai adotivo de Nosso Senhor, continua zelando pelo Corpo de Cristo.

O texto de segundo Samuel que é apresentado pela liturgia dessa solenidade não exprime diretamente a respeito da pessoa de José, todavia aponta para sua missão no Plano da Salvação. O profeta Natã foi enviado por Deus para anunciar ao rei Davi: “então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza” (cf. 2Sm 7,12), é evidente que nessa perícope, a profecia descreve o desejo de Deus de que perdure a descendência Davídica, “eu firmarei para sempre o seu trono real” (2Sm 7,13). Tomados pela profecia de Natã é possível compreender que em José se encontra a linhagem de Davi, ou seja, quando Deus escolhe José para fazer parte do seu plano de salvação, colocando-o como esposo de Maria, cumpre-se então as palavras das profecias contidas no Antigo Testamento. Portanto, José é aquele que vai garantir que o menino faça parte da descendência de Davi, quando o tem como filho adotivo.

É em José que Jesus passa fazer parte da estirpe de Davi, permitindo assim o pleno cumprimento da escritura: “Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre” (2Sm 7, 16). José aponta para Jesus, garante que o menino de Nazaré, nascido de Maria, é o messias anunciado pelas Escrituras.

Um homem que é pouco mencionado nas Sagradas Escrituras, os evangelhos não dispensam mais do que seis versículos a seu respeito, porém até mesmo esse silêncio que gira em torno do glorioso José muito têm a ensinar. Ao se dispor, dizendo sim ao projeto de Deus para sua vida, com toda humildade, José deixa ser conduzido por tamanha missão, de tal forma, que Cristo passa a ser o centro.

No Evangelho segundo Mateus, o autor faz questão de mencionar “…José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado” (Mt 1, 24a), trata-se de uma das virtudes, que todos os homens são chamados a entrar na escola de José para aprender: a virtude da obediência. Realizar a vontade de Deus não é uma tarefa muito fácil, sobretudo quando Deus exige de todos a obediência, no mundo contemporâneo onde as pessoas estão desejosas de serem senhoras das próprias vidas, não existe espaço para se “rebaixar”, submetendo-se a vontade de Deus, sendo obediente conforme foi José e como foram Maria e Jesus por excelência, quando levam a consumação a vontade do Pai.

Conforme aconteceu com Maria, o anjo também aparece a José, a diferença é que, para este se dá enquanto dormia, ou seja, em forma de sonho, mas o fundamental é que o portador da mensagem de Deus traz a este homem um anúncio “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho…” (Mt 1, 20b-21a), José não deve temer, pois tudo será realizado pela força do Espírito Santo, também os homens são chamados a deixarem o Espírito Santo conduzir a sua vida, confiar nessa força que vem de Deus.

Tudo o que acontece a partir da vontade de Deus e sob a sua proteção faz parte de um projeto muito maior, também nós devemos imitar essa humildade de José e reconhecer que Deus nos chama a participar do seu projeto de salvação. O evangelista faz questão de evidenciar no texto sagrado que José cumpriu tudo aquilo conforme o Senhor ordenara, ou seja, José foi fiel a ordem/mandato de Deus.

A fidelidade de José para com Deus é sublime e digna de toda imitação, pois, esse homem não foi apenas fiel para com Deus, mas expressou essa fidelidade também a Maria, sua esposa, que após o nascimento do menino Jesus permaneceu sempre Virgem – isso professamos como dogma de fé -, ou seja, expresso no seu cotidiano, José é exemplo para aqueles que desejam trilhar o caminho do Senhor, ser fiel nas coisas cotidianas para que se consiga ser fiel nas coisas superiores.

A sua importância no projeto de Salvação não está ligada a quantidade de versículos expressos a seu respeito na Sagrada Escritura, mas pelo fato de o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo servir-se desse homem como Pai adotivo. Submeteu-se aos cuidados dele, sendo verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, colocou-se sob a proteção de São José, também nós que somos seu corpo, busquemos fazer o mesmo que a Cabeça fez, tomar José como nosso Patrono, para que sejamos fiéis a vocação que fomos chamados.

Referências

Bíblia Sagrada. Tradução oficial da CNBB. 3a edição. 2019.

Marcílio de Araujo Netto

Seminarista do 3º ano de Teologia

Paróquia de origem: São Sebastião do Alto Guandú, Afonso Cláudio-ES.

Paróquia de pastoral: Santa Rita de Cássia, Santa Rita, Vila Velha-ES.

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