Thassio Cachoeiro| ‘‘Coração santo, Tú reinarás; Tú nosso encanto, sempre serás.”
Celebra-se hoje em toda Igreja o Sagrado Coração de Jesus e se faz necessário compreender o que de fato se celebra. Primeiro que nossa atenção e liturgia não pára no músculo do miocárdio de Nosso Senhor, mas tão pouco está sendo celebrado somente o amor divino por nós, por assim se dizer. Deus quis nos amar e para que nós compreendêssemos em toda profundidade o amor Dele por nós, Ele então se fez homem e nos amou com coração humano. Eís aí o que hoje deve receber toda adoração: o fato que Deus nos amou com amor infinito num coração humano.
E por que é preciso celebrar esse mistério? Nós, seres humanos, temos dificuldade em entender o amor de Deus, ou seja, se Deus por definição é um ser infinito, absoluto, eterno, cheio de glória e esplendor do céu, por outro lado, nós seres humanos marcados com o pecado não experimentamos isso com amor. Existe uma tentação de nossa parte em pensar que Deus é indiferente a nossa dor, já que Ele está nessa felicidade eterna. Então Deus movido de infinito amor para conosco, que por sua vez em sua infinita misericórdia, vem a esse mundo com um coração humano para nos mostrar o quanto Ele nos ama, para que cessássemos na dúvida de seu amor por nós. Suscitando também em cada indivíduo uma repercussão de gratidão.
Uma das formas do amor ser demonstrado é quando há luta por algo, onde muitas vezes há até um grau de sofrimento para alcançar o objetivo. Pode ser percebido nas próprias vidas, ao contrário de uma doença que diminui a vida física, a tribulação, por sua vez, aumenta a vida espiritual porque quando há tribulações nos homens santos e mulheres santas o amor cresce.
Então, Jesus, que nos ama com amor infinito no meio da paixão, da tribulação e do sofrimento que passara aqui na terra suscita em nós o desejo de retribuir, o desejo de também sofrer por Ele. Desta forma, consolá-Lo é grandeza de alma, pois é de reconhecida consolação para os seres humanos quando percebe-se que o outro sofre consigo e/ou um outro sofre para aliviar certo sofrimento de outrem. Assim Deus que é percebido como impassível se torna vulnerável, vem a terra sofrer por cada ser humano e estes lhe negarão a
consolação? Quando Nosso Senhor, na cruz, diz: ‘‘Tenho sede,” conforme nos traz o evangelista São João em seu capítulo dezenove no versículo vinte e oito, e ali lhe foi oferecido vinagre, poderia haver a pergunta se a mesma atitude ainda é adotada oferecendo-Lhe novamente o vinagre da ofensa e do pecado ao invés da água da gratidão!
Foi exatamente essa a intenção do Bom Jesus como bem sabemos pela tradição da Igreja, em Suas aparições à Santa Margarida Maria Alacoque, pelas ofensas e pecados que vinham sendo cometidos pelos homens resultando em grande esfriamento e distanciamento dos corações humanos, houvesse então uma reparação dos mesmos e consequentemente uma busca fervorosa e devoção especial pelo amor consolador que daí é gerado nutrindo, desta forma, as almas.
Expressões de generosidade e gratidão devem ser realizadas para a consolação do coração de Jesus. Estes gestos, pois, serão realizados por aqueles que se propõem a mergulharem em profunda intimidade com Ele e isso é o que o Sagrado Coração mais deseja: amizade! Conforme nos confirma o Catecismo da Igreja Católica expressando ao final do seu parágrafo de número 2737: ‘‘Nosso Deus é um Deus ´ciumento` de nós, o que é sinal da verdade em seu amor,” inspirado na carta de São Tiago 4, 5.
Acorram-se todos ao Coração Sagrado de onde emana todo amor.
Santa Margarida Maria Alacoque, rogai por nós.
Thassio Cachoeiro Seminarista do 1º Ano de teologia
Paróquia de origem: Santa Ana, Santana, Cariacica – ES
Paróquia de pastoral: São Lucas, Novo México, Vila Velha – ES.