Páscoa da Ressurreição do Senhor

4 abril, 2021

Jessé Calote | “Não tenhais medo! Cristo Ressuscitou!” 

A Liturgia de hoje nos envolve no acontecimento central da fé cristã: a Páscoa da Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. O salmista (Sl 117) nos convida a proclamar: “Este é o dia que o Senhor fez para nós: alegremos-nos e nele exultemos”.

Na madrugada do primeiro dia da semana (cf. Mt 28, 5-6), ainda no escuro, Maria Madalena vai ao túmulo e percebe que a pesada pedra que o vedava havia sido removida. Imediatamente ela retorna para relatar o ocorrido aos discípulos. Sem demora, Pedro e o outro discípulo vão ao túmulo de Jesus.

A figura de Pedro, que era mais velho, representa sua hierarquia em relação aos demais discípulos, e o discípulo amado – aquele que havia reclinado a cabeça sobre o peito de Jesus -, em sua atitude de fé representa o amor à Cristo. Diz o Evangelho que apesar de ter chegado antes João ficou olhando de fora, enquanto Pedro entrou no túmulo. Pedro não conseguiu enxergar além do que tinha diante dos seus olhos, via apenas um espaço vazio, “as faixas de linho deitadas no chão” e o “pano enrolado num lugar à parte”. Quando entra aquele que Jesus amava, nos atesta o evangelista: “Ele viu e acreditou” (Cf. Jo 20,8b), pois tinha um olhar de amor mesmo diante de todos sinais de morte do ambiente.

Ambos viram a ausência do corpo de Cristo, mas a fé na ressurreição não nasceu imediatamente aos dois. João estava aberto inteiramente ao amor, enquanto Pedro, ainda tinha em seu coração sentimentos de dor por causa da crucificação e falta de perdão próprio por ter negado o Mestre.

Diante da cena apresentada no evangelho de hoje nós precisamos assumir um coração do discípulo amado e caminhar na fé do Cristo ressuscitado seguindo seu exemplo de fazer o bem aos necessitados do nosso tempo (Cf. At 10, 38).  

Se por um lado a Páscoa judaica significava a passagem da escravidão do Egito e iniciava a passagem da nova vida do povo em busca da Terra Prometida, a Páscoa cristã significa a passagem da escravidão do pecado e da morte para a liberdade da nova vida em Cristo. Nós somos chamados a nos converter sempre e a passar de uma vida de pecado para uma vida de pessoas ressucitadas no Senhor. 

A Igreja canta nesse dia: “ó morte onde está sua vitória?”. Ao vencer a morte, Jesus nos devolve a possibilidade de ir para o céu. A nossa condição adâmica, de homens e mulheres caídos, recebe agora a graça de assumir uma nova postura diante de Cristo ressucitado. Santo Irineu nos ensina que “A glória de Deus é o homem vivo”, por isso como nos exorta São Paulo “se ressucitastes com Cristo, esforçai-vos para alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus” (Col 3, 1-2).

Infelizmente nos confrontamos diariamente com diversos sinais visíveis de morte em nossa sociedade imersa na violência causada pela desigualdade social e pela falta de políticas públicas efetivas com vistas à construção de uma sociedade mais justa, fraterna, humana e igualitária.

O mundo vem acompanhando estupefato a maior crise sanitária dos últimos tempos, e no nosso país estamos vivendo o pior momento da pandemia Covid-19, pelo que aproximadamente mais de 325 mil brasileiros já perderam suas vidas, deixando suas famílias enlutadas, com as quais temos o dever cristão de nos solidarizar com nossas orações neste momento de profunda dor que vivenciam. A essas famílias, queremos encorajar afirmando que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós (Rm 8,18).

Ao analisarmos mais criticamente o cenário, percebemos que há um projeto perverso, negacionista, apático, insensível, inerte, fechado em si mesmo e mais preocupado com a salvação do mercado do que com a vida humana, contribuindo diretamente para que a morte ceife a vida de tantos irmãos e irmãs.

Peçamos ao Senhor a graça de recebermos olhos pascais capazes de enxergar a realidade e assumir verdadeiramente nossa missão de homens e mulheres do Ressuscitado, denunciando as injustiças e anunciando felizes a alegria do Cristo a todos que ainda precisam ser alcançados pelo Evangelho.

“O Cristo que leva aos céus, caminha à frente dos seus! Ressuscitou de verdade. Ó rei, ó Cristo, piedade!”

(Sequência Pascal) 

Jessé Calote 

Seminarista do 2º ano de Teologia;

Paróquia de origem: Divino Espírito Santo, Santa Leopoldina – ES;

Paróquia de pastoral: São Pedro, Jacaraípe, Serra – ES.

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