Antonio Vitor Favero |
Neste nosso itinerário quaresmal, hoje a Igreja nos convida a repensar nossa existência e nos convida mais uma vez à conversão. A primeira leitura retirada do livro do Êxodo (3,1-8a.13-15) nos apresenta o chamado de Moisés para anunciar e conduzir a libertação do povo da escravidão no Egito.
Deus se manifesta a Moisés e mostra que age na história humana através de homens generosos que aceitam levar a cabo a missão recebida. Para o povo de Israel fica claro, então, que o Senhor Deus age concretamente na sua história e a experiência do êxodo torna-se paradigma de todas as libertações.
Na segunda leitura (1Cor 10,1-6.10-12), Paulo toma como exemplo a história dos israelitas que foram conduzidos por Deus (nuvem), passaram pelas águas do mar vermelho, alimentaram-se do maná e da mesma água do rochedo e, no entanto, a maior parte deles cedeu à tentação dos ídolos, já que seu coração não estava verdadeiramente com Deus.
Por isso, Paulo exorta os Coríntios a cuidarem para que não lhes suceda a mesma coisa. Apesar de iniciados na fé cristã e nos sacramentos, devem sempre estar atentos a viver em verdadeira comunhão com Deus e não ceder à tentação.
O Evangelho que hoje nos é proposto (Lc 13,1-9) está situado no contexto da “viagem” de Jesus para Jerusalém. Um caminho muito mais que apenas geográfico: um caminho espiritual que Jesus percorre com seus discípulos preparando-os para assimilarem e assumirem os valores do Reino.
Na primeira parte do Evangelho de hoje, Jesus cita dois exemplos históricos: o assassinato de alguns judeus por Pilatos e a queda de uma torre perto da piscina de Siloé.
E a conclusão de Jesus é que os que morreram nesses desastres não eram piores dos que sobreviveram, o que contraria a doutrina judaica da retribuição onde se entendia que quem sofresse uma desgraça era culpado por um grave pecado. Assim, para Jesus todos os homens precisam se converter: “Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo” (Lc 13, 5).
Já na segunda parte, encontramos a parábola da figueira que ilustra as oportunidades que Deus concede para a conversão. No Antigo Testamento a figueira já tinha sido utilizada para representar Israel.
Desse modo, Deus espera que Israel frutifique: converta-se à proposta de salvação feita por Jesus, dando a Israel outra oportunidade. Deus mostra-se então paciente e bondoso.
Assim também nós, devemos estar atentos à possibilidade da conversão, para que nossa reposta ao projeto salvífico de Cristo seja verdadeira e sincera, reconhecendo como Deus age em nossa história e nos liberta das amarras do pecado e da morte.
Antonio Vitor Favero
Seminarista do 2º ano de Teologia.
Paróquia de origem: Nossa Senhora da Conceição, Alfredo Chaves-ES.
Paróquia de pastoral: Bom Jesus, Novo Horizonte, Cariacica-ES.