A vigilância responsável e atenta do discípulo missionário

9 novembro, 2020

     Pe. Andherson Franklin Lustoza de Souza,

 professor de Sagrada Escritura no IFTAV e

Doutor em Sagrada Escritura

        No Evangelho de Mateus, no capítulo vinte e cinco, encontra-se a parábola das dez virgens que carregam as suas lâmpadas e saem ao encontro do esposo que lhes deveria acolher para as núpcias. A imagem do matrimônio, no qual Deus é apresentado como o esposo de Israel é muito presente em todo o Primeiro Testamento, como um elemento importante da experiência de Fé do povo eleito. Que se sente amado, acolhido por Deus e convidado a celebrar as núpcias com o seu Criador, algo retratado, de forma exemplar, no livro do profeta Oséias, particularmente em seu segundo capítulo. No caso do texto do Evangelho de Mateus, o tema do amor esponsal está diretamente relacionado à vigilância que deve ser mantida e vivida por todos os são chamados a ser discípulos de Cristo, ou seja, todos os batizados. Desse modo, todos os elementos presentes na parábola se relacionam diretamente com a vivência da comunidade eclesial, seus desafios e esperanças.

        A comunidade de Mateus, marcada pelo entusiasmo inicial, pelo vigor no seguimento de Cristo, vê-se mergulhada no marasmo e no “sono”, no cansaço e na preguiça diante da necessidade do testemunho e da vivência da Fé. O evangelista, preocupado com tal situação, apresenta a necessidade da vigilância constante em três de suas parábolas: os servos que esperam o seu Senhor voltar, as virgens que saem ao encontro do esposo e aqueles que receberam os talentos e os devem multiplicar. Todos os personagens destas parábolas indicam para a necessidade da vigilância na espera do Senhor, exemplificam como deve estar o discípulo missionário na expectativa do retorno de seu Mestre.

        No caso específico da parábola das virgens, é importante notar que ao comparar o Reino dos Céus com a parábola que ira contar, o evangelista indica que o esposo esperado é próprio Cristo. Isto é, o Messias que deve retornar, o que confere à vigilância de todos um caráter de perseverança na fé, de saudade e de amor. Neste caso, a vigilância do discípulo missionário é marcada pela relação estreita com o Mestre, na expectativa de seu retorno. Mantendo sempre firme a atitude em fazer a sua vontade, viver segundo o caminho proposto, isto é, assumindo o testemunho e a vivência da fé em sua mais plena concretude. O que faz com que a preguiça e o descaso, ressaltado na atitude das virgens que não levaram óleo suficiente, deva ser abandonada, para dar lugar à vigilância responsável e atenta.

        O discípulo é convidado a ir ao encontro do Mestre, por meio de uma constante busca de Sua face, a fim de que se mantenha fiel, à espera do retorno daquele que o amou. Nutrindo a certeza de que aquele que se procura é o próprio Deus, algo que deve garantir ao cristão, chamado a ser discípulo de Cristo, a capacidade de vigiar sempre e em todos os momentos da vida. Numa atitude que corresponda à Fé abraçada e vivida no seguimento de Cristo, que não deve perder o seu vigor diante das dificuldades próprias do caminho. Desse modo, a vigilância então é uma atitude de Fé, que diz respeito ao modo de vida marcado pelos valores do Evangelho. Não é uma espera passiva, mas, uma vivência ativa da caridade, da comunhão fraterna, dos gestos de solidariedade e de compaixão, principalmente direcionados aos mais pobres e excluídos. Gestos estes que que são capazes de iluminar a vida de todos os discípulos missionários de Jesus Cristo, tornando-os luzeiros a brilhar no mundo. Desse modo, o testemunho de uma vida marcada por tais valores e pelo serviço aos mais necessitados é a luz acesa e brilhante na vida daqueles que vivem a expectativa do retorno do Mestre. Pois, foram marcados pela experiência de fé que lhes apresenta o caminho da vigilância e da constância do testemunho.

         

                   

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