“Fazei isto em memória de mim” (Lc, 22-19)
Reunimo-nos na Igreja, como comunidades para celebrar os mistérios da nossa fé. O altar, lugar do sacrifício do Senhor e o ambão, lugar da palavra, são os focos centrais da ação litúrgica.
Entendemos o significado do altar a partir da própria etimologia da palavra. Deriva dos verbos alere: alimentar, nutrir, e arére: arder, queimar. Daí os substantivos altare, altarium, altaria: “parte superior” de uma mesa ou bloco de pedra, sobre o qual são “oferecidos alimentos” aos deuses. Nesse lugar geralmente são sacrificados e queimados animais em honra da divindade.
Os altares foram usados por quase todos os povos da antiguidade, nos templos ou em santuários ao ar livre. Podiam ser de pedras amontoadas, formando uma plataforma quadrada, terra com paredes de pedra ou um bloco entalhado em rocha natural. Se as estruturas fossem altas, recebiam escadas.
O Primeiro Testamento nos traz vários exemplos de altares. A palavra hebraica para altar, mizbeah, significa “lugar onde se sacrifica”. Por isso, o altar geralmente está relacionado aos sacrifícios, embora também possa ter o sentido de monumento, recordando uma teofania. “Em seguida, partindo dali, foi para a montanha que está o ao oriente de Betelm, onde levantou a sua tenda. Abrão edificou ali um altar ao Senhor, e invocou o seu nome” (Gn 12,8). Ainda em Êxodo 24, Moisés ergue um altar e sela a aliança entre Deus e seu povo com o rito da aspersão com sangue dos animais. Não se aplicava aqui o termo “mesa” em vista do rito pagão, pois altar era a mesa onde a divindade comia.
No altar cristão essas duas realidades se mesclam: sacrifício e banquete, onde Jesus substituiu o cordeiro. Já não é uma pessoa que apresenta a oferenda sobre o altar, mas é o próprio Deus que oferece a si mesmo em Jesus.