A paróquia Santa Teresa de Calcutá, em Itararé, é o berço onde nasceu a Campanha Permanente Paz e Pão. O desejo de atender essa região foi crescendo sob o olhar atento do pároco pe. Kelder Brandão, pois ele tinha conhecimento que a pobreza e a fome que crescia na paróquia eram as mesmas em tantos outros cantos da Arquidiocese de Vitória.
As marcas da pobreza podem ser vistas a olho nu em cada, beco, viela, rua e escadaria deste território também chamado de “complexo” ou “favela”, mais por não gostarem desse estereótipo, renomearam para Território do Bem. “Porque nos incomodamos com a necessidade do outro e vamos muito além do que se é noticiado, somos um território cheio de tesouros valiosos a espera de um olhar mais profundo. Temos nosso olhar em nossa querida padroeira que pregava: ‘Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade’ (Santa Teresa de Calcutá)”, segundo a paroquiana Lorrayne Boldrini.
No ano passado, como se não bastassem as dificuldades diárias da pobreza, o mundo teve a chegada da Covid-19, o que fez essas dificuldades aumentarem e com isso a fome começou a gritar de forma mais intensa e a busca por ajuda cresceu muito na paróquia. Com isso participaram intensamente da Campanha Condividir, não apenas recebendo, mas compartilhando o pouco e colocando o trabalho dos fiéis voluntários para que comida chegasse a mais de 600 famílias necessitadas da paróquia. Mas, a fome continua a gritar e grita cada vez mais alto
Incomodados em não conseguir saciar a fome de tantos que imploram por alimento, as pessoas se perguntavam: Como atendê-los e ajudá-los a sair dessa situação? Esses questionamentos foram o berço da Campanha Paz e Pão, lançada pelo Arcebispo Dom Dario Campos no encerramento da Festa da Penha 2021 e que já mobiliza muita gente com vontade de diminuir a dor dos outros, gente incomodada, inconformada e querendo ajudar. A Campanha Permanente é uma corrente que vai crescer, é uma mão estendida para quem precisa e paróquia Santa Teresa de Calcutá está disponível para colaborar.
Antes mesmo da Campanha Condividir, em 2018, em uma reunião do conselho paroquial a coordenadora da comunidade São Benedito leu a carta de uma senhora de Igreja evangélica que através dessa agradeceu à comunidade católica que a socorreu quando passava por fortes necessidades e isso nos faz perceber o quanto a ajuda é necessária.
E então como surgiu a Campanha Permanente Paz e Pão?
- O Conselho Paroquial após a carta recebida da moradora foi conversando e refletindo sobre a situação das famílias de nosso território; de como a fome estava crescendo; de como se resolveria essa situação e de que iniciativas poderiam ser tomadas.
- O fato da reflexão não se concretizar em prática incomodou muito o pe. Kelder Brandão, que hoje é Vigário Episcopal para Ação Social, Política e Ecumênica da Arquidiocese. Ele tinha conhecimento de outros territórios da Arquidiocese que passavam pelas mesmas dificuldades que o Território do Bem e quis organizar algo que saísse do âmbito paroquial. E mais, queria que não fosse somente uma campanha assistencial, e, sim, uma campanha permanente contra a fome e pela inclusão social.
- Posteriormente, conversando com um grupo de análise de conjuntura política, percebeu-se a pertinência de propor a organização da campanha permanente, pois o grupo teria condições de ajudar a alavancar este projeto.
- Foi assim que surgiu a Campanha Paz e Pão, através da necessidade das famílias do Território do Bem e de um gesto de solidariedade da Comunidade.
A Campanha está crescendo e espera-se, com ela, atender muito mais famílias, saciando a fome não só de pão, mas também, de paz, de formação de políticas públicas que atendam às necessidades dos pobres. O Papa Francisco nos pede a fixarmos nosso olhar para aqueles que estendem suas mãos pedindo a nossa solidariedade, substituindo a cultura do descarte e do desperdício pela cultura do Encontro.
“O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.”(Santa Teresa de Calcutá).
Santa Teresa de Calcutá! Rogai por nós!