CEDOC: o caminho de acesso aos documentos para cidadania italiana

5 novembro, 2020

Existem situações que são necessários alguns documentos para comprovação dos sacramentos recebidos. Como é o caso de quando os noivos vão casar que precisam da certidão de batismo ou para conseguir resgatar a história de antepassados ou mesmo requerer dupla cidadania, seja na Itália ou na Alemanha, países dos quais o Estado do Espírito Santo possui imigrantes.

Na Arquidiocese de Vitória existe o Centro de Documentação (CEDOC), um importante instrumento de pesquisa à disposição de quem se interessar ou tiver necessidade. O CEDOC é o espaço destinado ao gerenciamento e armazenamento de documentação.

Nesse espaço são guardados a maior parte do fluxo de documentos da Arquidiocese, alguns datam de 1821. São 1.000 livros disponíveis dentre eles livros de batismo, casamento, crisma, óbitos, visitas pastorais e livros de tombo.

Muitas pessoas procuram o departamento para buscar documentos. Segundo Giovana Valfré, coordenadora do Centro de Documentação, “o maior público são pessoas atrás de documentação para fazer a sua cidadania italiana, depois os documentos para os sacramentos, principalmente quem vai se casar na Igreja e necessita da certidão de batismo, pessoas que serão padrinhos e madrinhas de batismo ou crisma e num número menor as procuram documentos para trabalhos acadêmicos”.

Alunos de diversas faculdades e Universidades procuram o CEDOC porque estão escrevendo dissertação, tese ou TCC sobre diversos assuntos relacionados à Igreja. Por exemplo a história dos negros no Espírito Santo; a construção e arquitetura dos templos religiosos; a histórias das Comunidades Eclesiais de Base, entre outros temas importantes para diversas áreas do conhecimento.

História

Antes da proclamação da República o Estado brasileiro era ligado administrativamente à Igreja Católica. Cabia a ela, por exemplo, o registro de nascimento da população. Por isso, ainda hoje, os batistérios ajudam a contar a história dos registros de nascimento em nosso país.

Até à proclamação da república era função do Estado constituir as paróquias, nomear padres e inclusive remunerá-los. Em contrapartida, cabia a ela por exemplo o registro de nascimento da população e isso acontecia no batismo da criança.

Eles faziam os registros, guardava esses livros, era responsável por elaborar algumas estatísticas para o governo de Portugal. Por isso, ainda hoje os livros de registos de batismos, casamentos e óbitos, ajudam a contar a história do povo capixaba.

Quando os imigrantes italianos deixavam a Itália eram orientados pelos padres para que ficassem unidos na fé e protegessem uns aos outros e que não deixassem de catequisar os filhos do imigrantes. Giovana conta que quando chegaram ao Estado encontraram muita mata e construíram primeiro uma capela dando início a cidade.

“Naquele tempo, as pessoas não abriam as igrejas, os Portugueses, só abriam se tivesse missa, não tendo missa a Igreja ficava fechada. Com a chegada dos italianos essa movimentação, da própria Igreja modifica. A Igreja passa a ser ponto de encontro, era lá que eles sabiam notícias da Itália, notícias de quem morreu, de quem chegou… Era uma ligação entre todos os imigrantes que estavam naquela localidade. Por isso que essa Fé é tão propagada, e ela começa a ficar muito forte no interior por causa dos imigrantes”.

Nesse período, antes da república, não existia cartório no Brasil, só a Igreja registrava a pessoa, por isso batizava até no dia que nascia, porque era o documento da pessoa. Tudo estava ali, nascimento, casamento e óbito.

“Somente em 1912, que foi inaugurado o primeiro cemitério de Vitória, antes disso as pessoas eram enterradas nas Igrejas. As igrejas tinham seus cemitérios, muitas vezes as pessoas eram enterradas dentro da igreja, assim a documentação pertencia à Igreja. Muitos não têm noção que a Igreja é a guardiã dessa documentação. É a única guardiã”, comenta Giovana.

Como fazer para obter um documento?

Se o documento que está procurando seja referente a um sacramento, o primeiro passo é ir na paróquia ao qual foi realizado e procurar na secretaria por essa documentação.

Caso esse documento não seja encontrado na secretaria paroquial, entre em contato com o CEDOC através do telefone, e-mail ou pessoalmente. São necessárias informações como o ano do sacramento e paróquia ao qual foi realizado.

“Depois que solicitado, vamos fazer a busca desses documentos e vamos emitir uma certidão, depois que a certidão é emitida, avisamos a pessoa, e a pessoa vai buscar. Para esses documentos, levamos menos de uma semana”, explica a coordenadora do CEDOC

Caso o documento não seja encontrado nem na secretaria paroquial e nem no CEDOC: “abre-se um processo e é feito uma declaração pelo padre responsável, e caso a pessoa tenha provas, como por exemplo a lembrancinha com a data, assinada pelo Bispo carimbada pela paróquia, vira um documento, e será feito um registo tardio do sacramento que a pessoa recebeu e está à procura do documento. É registrado no CEDOC ou na paróquia que ela foi crismada ou batizada naquela data, então nunca mais ela terá esse problema”, explica Giovana.

Para os documentos referentes a imigração italiana ou outra imigração, que estão nos livros mais antigos, a média é de uns 15 dias para a entrega do documento. Existe também a possibilidade de a própria pessoa ou a família procurarem o documento no arquivo, quando se trata de busca por cidadania.

O Centro de Documentação da Arquidiocese de Vitória, funciona de segunda a sexta das 9 às 12 horas e das 13 às 16 horas. Ligue e agende uma visita: (27) 3025-6275 ou pelo e-mail [email protected].

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