Reflexão do I Domingo da Quaresma

23 fevereiro, 2021

César Delarmelina | Foi tentado por Satanás, e os anjos o serviam.

Logo no início do itinerário quaresmal, somos chamados a aprender com Jesus o correto enfrentamento das tentações, que possuem valor pedagógico na caminhada cristã. O deserto, lugar inóspito e solitário, constitui o cenário para a provação descrita no Evangelho de Marcos (Mc 1, 12-15), à qual o Mestre, tendo sido batizado por João e cheio do Espírito (cf. Lc 4,1), é pelo mesmo Espírito conduzido.

Quis o Senhor dirigir-se sozinho ao deserto para nos ensinar acerca da realidade das tentações, e do modo como devemos – mais cedo ou mais tarde – enfrentá-las. A aparente solidão de Cristo não quer dizer que o Pai O tenha abandonado às tentações, já que, como afirma o próprio texto, Ele era auxiliado pelo serviço dos anjos (Mc 1, 13); mas, em contrário, ensina-nos que, mesmo contando com os auxílios sobrenaturais da graça, há momentos em que a iminência das tentações obriga a vontade a decidir: ceder ou recalcitrar, lutar ou esmorecer.

Em outra passagem este mesmo episódio é descrito com mais pormenores (cf. Mt 4, 1-11), direcionando as tentações às ambições do poder, das posses e do prazer. No entanto, Marcos se limita a ambientar o acontecimento e a fixá-lo no intervalo de quarenta dias, colocando Jesus entre a assistência serviçal dos anjos e a companhia dos animais selvagens. De fato, Cristo fez seu retiro, em meio às feras como Homem, e junto aos anjos, como Deus, ressignificando aquele lugar para o qual Adão tinha sido expulso após a primeira queda e que fora caminho de expiação para o povo eleito. O panorama deste “campo de treinamento”, em vista da obra que Jesus havia de iniciar logo após, pode ensinar-nos a como nos preparar bem para seguir a proposta da vida cristã.

“Convertei-vos e crede no Evangelho!” (Mc 1, 15): João Batista havia sido preso, e o chamado à conversão era passível de esmorecimento. Pois é desde o deserto – partindo donde João começara -, e rumando para a Galileia, que Jesus continua a pregar, unindo o discurso de João à novidade de sua Pessoa: anunciando o Evangelho de Deus.

A página do Santo Evangelho nos propõe afinal, neste Domingo, duas lições: uma a respeito das tentações; e outra referente à busca de uma sincera conversão. Acerca das tentações, ensina-nos que, embora estas não devam ser desejadas, por si mesmas se apresentam como ocasiões de fortalecimento e, quando nos sobrevêm, podem e devem ser vencidas com auxílio sobrenatural. Assim, a cada vitória fortifica-se a vontade e aumentam os méritos e a confiança na misericórdia de Deus, ao qual em oração sempre pedimos não que nos prive, mas que não nos deixe cair em tentação (cf. Lc 11, 4).

A segunda lição se encontra naquele imperativo do versículo final, que obriga o cristão por toda a vida: convertei-vos. As tentações nos recordam da árdua tarefa de santificação, à qual, por meio da busca sincera de Deus que se mostra mais enfática neste tempo favorável de oração, esmola e jejum, devemos aderir com renovado ânimo e vigor.

Que o Senhor Jesus nos ajude a fazer de nossos desertos e tentações um caminho de renascimento e florescimento espiritual. Que Ele nos dê da água viva (cf. Jo 4, 13), para nos saciar e purificar rumo às alegrias da Páscoa.

 

César Augusto Flegler Delarmelina

Seminarista do 2º ano de Teologia;

Paróquia de Origem: São Sebastião do Alto Guandú, Afonso Cláudio – ES;

Paróquia de Pastoral: Cristo Rei. Campo Verde, Cariacica – ES.

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