
Dando continuidade à série de artigos acerca da formação dos presbíteros, desejamos dar um passo a mais até a ordenação: o Seminário Maior e suas etapas. Até o momento tratamos unicamente do discernimento vocacional, bem como da preparação (propedêutico) para o seminário. É a partir daqui que o candidato se torna, de fato, seminarista.
“O Seminário Maior é, antes de tudo, uma escola do Evangelho. Tem como modelo e referência a própria convivência dos Apóstolos e discípulos”[1]. Assim, os seminaristas devem sentir o seminário como um local de seguimento de Cristo. Este período pode ser organizado em duas etapas distintas e complementares: os estudos filosóficos, ou etapa do discipulado; aliado aos estudos teológicos, ou etapa da configuração. Neste texto, discutiremos somente a respeito da primeira etapa.
Etapa Filosófica ou Discipular
Na Filosofia realiza-se um caminho pedagógico-espiritual no intuito de alicerçar o seminarista em suas escolhas pessoais, como também as suas práticas de vida cotidianas. “O discípulo é chamado a ficar com ele, segui-lo e tornar-se missionário do Evangelho. Ele aprende cotidianamente a entrar no segredo do reino de Deus, vivendo uma relação profunda com Jesus”.

Podemos dizer que os estudos filosóficos associados ao enriquecimento da vida espiritual expandem o campo de visão para que, observando mais claramente a realidade que vivemos, possamos afirmar com mais vigor a nossa vocação. Nesse sentido, o Seminário nos capacita a amadurecer cada vez mais a decisão de seguir Jesus no itinerário formativo e assumir o ministério presbiteral.
Essa etapa requer uma formação integral de toda a pessoa humana, em todas as suas dimensões: espiritual, humano-afetiva, comunitária e intelectual. Diante disso, convém ressaltar a importância da formação de uma personalidade bem estruturada para que o seminarista saiba corresponder ao itinerário formativo de forma coerente e comprometida. Além disso, é um período propício para o desenvolvimento das virtudes humanas e espirituais necessárias à convivência fraterna e eclesial.
Em meio a isso, merece destaque a salutar vida comunitária do seminário que se configura como o “lugar das mais árduas e diversificadas práticas da caridade cristã, da obediência, da fé e da renúncia de Cristo para escolher Cristo como único tesouro”. Dessa maneira, o seminarista já se dispõe a praticar aquilo que futuramente irá exercer por intermédio do ministério ordenado.
Em síntese, devemos entender o período da Filosofia como um tempo para o amadurecimento pessoal, na qual conhecemos e formamos a nós mesmos segundo o desígnio do Mestre Jesus, do qual nos tornamos discípulos por livre escolha. Isso estabelecerá bases sólidas para, na próxima etapa, nos configurarmos de modo eficaz ao Cristo, Bom Pastor e corresponder às exigências da vida presbiteral.
[1] DOC 110 CNBB