Domingo de Ramos da Paixão do Senhor

10 abril, 2022

Emanuel Araújo| “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor. Paz no Céu e glória nas alturas!” (Lucas 19, 38)

Ao celebrar o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor a Igreja inicia a Semana Santa e, através da meditação do Evangelho de hoje é possível contemplar Jesus que adentra Jerusalém, como Messias, montado num jumento, conforme a profecia de muitos séculos antes (Zac 9,9). Esta cena reveste-se de um carácter de entronização messiânica de Jesus. Uma vez que já havia cumprido a sua missão de pregar o Evangelho e de instruir os Apóstolos, não havia motivo para temer qualquer tumulto popular, ao apresentar-se solenemente como Messias-Rei.

Cabe observar três aspectos do Evangelho: Jesus se aproxima de Betânia e está perto também do Monte das Oliveiras; Jesus é aclamado com júbilo em sua humildade e; os discípulos não devem se calar perante a repressão dos ímpios.

Por um lado, Jesus Cristo está próximo à Betânia, local no qual viviam Marta, Maria e Lázaro, amigos pessoais de Cristo, na casa dos quais Ele costumava hospedar-se durante seu ministério itinerante (Mt 21, 17; Mc 11, 11), como também vila na qual se deram alguns dos acontecimentos notáveis que marcaram seu ministério, sendo o de maior destaque a ressurreição de Lázaro (Jo 11, 17).

Além da casa dos amigos de Jesus, em Betânia também ficava a casa de Simão, o leproso, provavelmente curado por Jesus, foi onde ocorreu o jantar em que o Messias foi ungido com o nardo puro que Maria lhe trouxe num vaso de alabastro (Marcos 14, 3-9; João 12, 1-8). Nesse evento de suma significância houve a preparação antecipada do corpo de Jesus para o seu sepultamento que se aproximava.

Por outro lado, ao aproximar-se do Monte das Oliveiras, Cristo torna perceptível o apontamento para o Calvário, esse é o lugar em que ocorre sua oração e agonia, por isso Ele clama ao Pai: “Meu Pai, se possível, que este cálice passe de mim. Contudo, não seja feito como eu quero, mas como tu queres.” É o âmbito no qual Cristo sofre previamente os tormentos, as agonias, no entanto, permanece fiel à vontade de Deus. Ali no horto vieram cruciá-Lo todos juntos: as bofetadas, os escarros, os açoites, os espinhos, os cravos e os vitupérios, que depois deveria sofrer. Submisso, o Amabilíssimo Jesus aceita-os todos, mas, aceitando-os treme, agoniza e ora.
Mas Jesus ora assim, não tanto para ficar isento, como para fazer o ser humano compreender a pena que Ele padece e aceita por amor à criatura.

Se por um lado o cenário é alegre, por outro é tenebroso, agonizante. Então Jesus se encontra em meio a essas duas localidades emblemáticas, entre esses dois cenários. Betânia fez parte de seu ministério, o Monte das Oliveiras ainda fará, fato que o próprio Cristo já sabe e diz a seus discípulos no anúncio da Paixão: “O Filho do Homem deve sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, deve ser morto e ressuscitar no terceiro dia.” (Lc 9, 22).

O cenário que Cristo se depara ao chegar em Jerusalém é de júbilo. Jesus Cristo adentra a cidade como Rei, Justo e Vitorioso, Manso, Humilde e Pacífico, mas um detalhe desperta a atenção: Jesus entra montado num jumento. Isso demonstra a humildade do Filho de Deus, ou seja, que não precisava de carruagens ou cavalos, nem de grandes aparatos como os poderosos daquele tempo. Por essa razão Ele escolheu um animal, criação de Deus, o mais simples, o mais rude.

Sabemos o que iremos enfrentar por amor a Cristo e devemos assumir a Cruz e caminhar com Ele. Ao contrário dos fariseus conhecedores das profecias e das Leis, com os corações empedernidos e tentando reprimir as manifestações de fé e de júbilo com as quais o Diletíssimo Jesus é aclamado, Cristo exorta seus discípulos ao responder os fariseus: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19, 40).

Está claro o chamado para cada cristão: não se calar, testemunhar as maravilhas do Senhor, Seu Santo Nome e proclamar a Verdade o Caminho e a Vida. No entanto, essa decisão determinada de seguir o Senhor, de testemunhá-lo é dificílima, uma vez que muitos não estão dispostos a despojar-se de si mesmos para abraçarem a vontade de Deus.

Naquele tempo, todos aguardavam um rei vingador, e com um enorme número de soldados para exterminar, os romanos, inimigos do povo. Mas, a decepção é geral, Jesus se apresenta exigente, manso e humilde, sem armas e com propostas de mudanças.

Todas essas mudanças exigem muito de cada um que confia em Deus. Exigem desprendimento e renúncia; exigem humildade, solidariedade e amor ao próximo. Aderir ao Cristo significa transformar o coração, a vida.

Por isso, quem não muda e não assume o compromisso batismal, é como aquele que estende o seu manto e grita “Hosana! Hosana!” e que, poucos dias depois, lá está, no meio da multidão e gritando: “Crucifica-o! Crucifica-o!”

São Bernardo comenta: “Como eram diferentes umas vozes e outras! Fora, fora, crucifica-o e bendito o que vem em nome do Senhor, Hosana nas alturas! Como são diferentes as vozes que agora o aclamam Rei de Israel e dentro de poucos dias dirão: Não temos outro rei além de César! Como são diferentes os ramos verdes e a Cruz, as flores e os espinhos! Àquele a quem antes estendiam as próprias vestes, dali a pouco o despojam das suas e lançam a sorte sobres elas.”

Nesse sentido, com o Domingo de Ramos, Cristo convida cada um à humildade, à oração, à piedade e à vivência profunda da Semana Santa, de coração atento para tão grande mistério! Que nossas vozes clamem Hosana nas Alturas, ao único Rei, e os Ramos não se tornem espinhos, que recebamos a graça de Deus a fim de que, através dos ensinamentos da Paixão de Cristo ressuscitemos com Ele em sua glória. Amém.

 

Emanuel Araújo dos Santos

Seminarista do 1º ano de Filosofia.

Paróquia de origem: Santa Rita de Cássia, Santa Rita, Vila Velha – ES.

Paróquia de pastoral: Epifania do Senhor aos Reis Magos, Nova Almeida, Serra – ES.

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