Vania Reis |
As consequências da pandemia da Covid 19 para a saúde mental das crianças e dos adolescentes no Brasil já era alarmante quando a Fiocruz publicou um caderno, no final do ano passado, mapeando essa realidade. Um ano depois só é possível acreditar na ampliação dessa realidade, inclusive com o forte indicador de aumento de suicídios em pré-adolescentes, tema que aprofundaremos na semana que vem. Buscar ações estratégicas efetivas para fazer face a esses efeitos da COVID 19 na saúde mental das crianças e adolescentes é algo, mais do que necessário, é urgente.
Como apontou o Diretor-Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) , Tedros Adhanom Ghebreyesus: “Os efeitos indiretos da COVID-19 na criança e no adolescente podem ser maiores que o número de mortes causadas pelo vírus de forma direta.”. A Fiocruz aponta (http://www.iff.fiocruz.br/pdf/covid19_saude_crianca_adolescente.pdf ) que os prejuízos para esse grupo vão além do imaginado em relação ao ensino, à socialização e ao desenvolvimento. No estudo aparecem evidências claras que o “estresse (e sua toxicidade associada) afeta enormemente a saúde mental de crianças e adolescentes, gerando um claro aumento de sintomas de depressão e ansiedade”. O estresse se mostra, na sua face externa, o aumento da violência contra a criança, o adolescente e a mulher. Na face interna, a depressão e a ansiedade. “Crianças e adolescentes sofrem as consequências do enorme impacto socioeconômico nas famílias, com aumento do desemprego e impossibilidade de trabalho para serviços não essenciais” e ainda o “aumento da fome e do risco alimentar” devido, em parte, ao fechamento das escolas e das creches além de perdas nas receitas familiares.
O relatório da organização humanitária-cristã World Vision estimava que, só nos primeiros meses de 2020, 85 milhões de crianças e adolescentes entre 2 e 17 anos estariam sofrendo todos os tipos de violência física, sexual e psicológica devido às medidas de isolamento social, incluindo o fechamento de escolas. Escolas e creches fechadas fez a maioria, permanecer praticamente todo o período confinados em casa. A ONG já salientava que “o número alarmante representa um aumento na média anual das estatísticas oficiais que pode variar entre 20% e 32%”. É certo que durante a pandemia esses números apresentados ainda são menores que a realidade, pois a subnotificação dos casos é fato. Longe das escolas e de ambientes comunitários (e assim de outros olhares), grande parte das agressões no ambiente familiar não é registrada. Manter o isolamento social agora com a vacinação no nível que está é mais prejudicial do que a liberação (com as recomendações de uso de máscaras e álcool gel).
Está na hora de lidar com os estragos da tormenta!