“Ele tem feito bem todas as coisas…”

5 setembro, 2021

Arthur Cristo IOlhando para o céu, suspirou e disse: ‘Efatá!’, que quer dizer: ‘Abre-te!’” (Mc 7, 34).

As leituras bíblicas que compõem a Liturgia deste Domingo nos apontam a universalidade a vocação cristã, o cumprimento das profecias messiânicas em Jesus redentor e a cura que Jesus realiza nas almas que abraçam a fé no Filho de Deus.

No Santo Evangelho (Mc 7,31-37), o Salvador está descendo da região de Tiro em direção à Galileia, passando por Sidônia e atravessando a região da Decápole. Neste interim, trouxeram-lhe um surdo-mudo para que fosse curado por seu toque. Jesus o retira à parte, toca-lhe os ouvidos com os dedos e com saliva sua língua, e ao dizer “efatá” (abre-te), o surdo-mudo fica curado. O povo impressionado aclama a Jesus como aquele que cumpre bem todas as coisas, cura os surdos e os mudos. De fato, na primeira leitura, retirada do livro de Isaias (Is 35, 4-7a), descrevem-se os prodígios que Deus realizará àqueles que serão resgatados e levados à Sião: se abrirão os olhos dos cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos, etc. Temos neste Evangelho o cumprimento do que se leu em Isaías: Jesus realiza a cura do surdo e manifesta seu poder messiânico.   

Esta região por onde Jesus estava a passar e a realizar milagres era território pagão. Mesmo sendo judeu, foi ao encontro daqueles que eram considerados impuros perante a lei. Ainda assim, reuniu ali multidões para ouvi-lo, curou a filha possessa de uma mulher sírio-fenícia (Mc 7, 24-30) e, agora, um surdo-mudo. Nisso se percebe o que está indicado na segunda leitura onde se afirma que a fé no Salvador não admite acepção de pessoas. No diálogo com a mulher sírio-fenícia Jesus afirma: deixa que primeiro se saciem os filhos […] (Mc 7,27); indicando que veio primeiro para os seus, contudo, diante da demonstração de fé da mulher pagã, o divino Redentor concede aquilo que lhe é solicitado, o mesmo ocorre ao lhe trazerem o surdo para curasse. Na segunda leitura São Tiago reprova qualquer espécie de distinção no tratamento, o cristão se torna “juiz com critérios injustos” se praticar a diferença de tratamento entre as pessoas. Temos de Jesus o melhor dos exemplos, pois ele realiza a salvação para todos.

Se submetermos todas essas indicações da liturgia da Palavra, o que o amoroso Deus terá a nos dizer por meio de sua Igreja?

O fato de Jesus estar em região pagã, e nela operar milagres e curas, significa que sua mensagem é universal, é para todos indistintamente; é tanto para os judeus quanto para os gentios. Talvez signifique mais do que isso: significa que Ele vai ao encontro dos que estão na escuridão da incredulidade, dos vícios, da ignorância, para traz-lhes a luz salvadora da fé. E a todos que receberem essa fé e acreditarem em sua palavra, o Senhor lhes dará “o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12). Tiro, Sidônia, simbolizam todos os que ainda não acreditam em Jesus e o surdo-mudo aqueles estão de ouvidos tampados à Palavra do Redentor e de lábios fechados para professarem a fé.

De fato, “a fé vem pelo ouvir; e o ouvir pela palavra de Cristo” (Rm 10, 17). Ora, o surdo do Evangelho estava impedido de ouvir as palavras de Jesus porque seus ouvidos estavam corrompidos, poderíamos dizer “bloqueados” para escutar seus ensinamentos. Como poderia ele receber a fé senão por meio de uma operação milagrosa? Agora, vejam a delicadeza de Deus: Jesus o retira do meio da multidão, como se quisesse afastá-lo do “barulho”, para que o primeiro som escutado fosse exclusivamente sua doce palavra salvadora; toca-lhe primeiro os ouvidos e depois a língua com a saliva, para que, mesmo impedido de ouvir, não ficasse privado da Palavra de Jesus, fruto da boca do Senhor, representado pela saliva; ao ordenar que se abrissem, os ouvidos começaram a escutar e a língua se soltou para falar. O processo da fé não é diferente da cura deste Domingo: primeiro é necessário a cura, ou seja, que a escuridão de nossa alma seja eliminada; depois recebemos a fé por meio da escuta da Boa Nova; por fim, professamos com a boca aquilo que nossos ouvidos escutaram e o nosso coração assentiu.

Uma vez curado, os ouvidos estão abertos para ouvir a Palavra do Senhor e obedecer a seus mandamentos, e a língua livre para professar a fé. Nada impede, entretanto, que os ouvidos tornem a fechar novamente. Na Escritura, por exemplo, o povo se torna surdo ao desobedecer aos mandamentos divinos. Por esta razão, o divino Salvador quer sempre nos tocar e curar de toda a surdez à sua voz e nos dar um coração convertido, tocar-nos com sua mão milagrosa e nos dar a fé. E quer que a fé chegue a todos, sem distinção de pessoas, porque veia para todos indistintamente. 

Arthur Cristo da Silva

Seminarista do 1º ano de Teologia.

Paróquia de origem: São João Paulo II – Vila Velha.

Paróquia de estágio Pastoral: São José – Guarapari.

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