Lideranças da área Pastoral Serra/Fundão estão recebendo há cerca de um mês e meio ajuda para lidar com o sofrimento emocional. Quem está coordenando o trabalho em grupo que acontece de 15 em 15 dias, às quartas-feiras, de 19h às 20h30, é padre Pedro Camilo, psicoterapeuta há mais de 20 anos e atualmente pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo. Os encontros acontecem na paróquia Nossa Senhora da Penha, em Jardim Limoeiro.
De acordo com padre Pedro Camilo a demanda surgiu a partir dos próprios padres que identificaram essas lideranças no dia a dia das paróquias e que estão disponíveis e mais fragilizadas, e enviaram ao trabalho. São 30 vagas neste projeto piloto e de acordo com o presbítero o grupo fica variado a cada semana, pois tem dia que participam 20 pessoas, outra 30 e outra 15, por exemplo, pois nem todos comparecem a todos os encontros. A perspectiva é que esta primeira etapa se encerre daqui há um mês e meio.
“No momento em que as pessoas precisam de apoio emocional e terapêutico, nasceu essa necessidade em que os padres estavam pontuando a respeito das lideranças, pois muitas estavam entrando em processo de depressão, em processo da síndrome de Born-out. Vendo essas situações eles relataram a dificuldade de encontrar uma forma de encaminhar isso, pois realmente o tratamento é caro mesmo. Até nas redes municipais e estadual não se oferece muitas vagas. Conversamos um pouco e pensamos em trabalhar essa forma”.
Atualmente o mundo está vivendo um grande adoecimento emocional seja no mundo pessoal, no âmbito familiar e isso afeta também as relações dentro das comunidades. E padre Pedro Camilo afirma que estão trabalhando as emoções mesmo e como é preciso lidar com isso: “se existe uma demanda, a gente tenta ajudar essa demanda, ao menos tentar aliviar um pouquinho esse estresse que estão vivendo, que não deixa de ser por essa pandemia toda que acaba gerando um estresse pós-traumático em muitas pessoas que não sabem lidar como isso. A partir da necessidade eu me coloquei a disposição de fazer esse trabalho em grupo”.
As demandas que são trabalhadas nas sessões terapêuticas partem sempre da necessidade de cada liderança. Entre elas estão pessoas que falam que estão precisando de trabalhar, pois estão com depressão profunda, outros estão com ansiedade muito grande, outras que não estão conseguindo dormir direito e vão elencando os motivos e a situação que está levando a não dormir.
Ao final deste trabalho, padre Pedro Camilo explica que vão fazer uma avalição, escrever um pequeno artigo que será divulgado principalmente em um site de trabalho da área, pois a técnica que está sendo usada é uma técnica específica das constelações. “Então vai para a Associação dos Consteladores em nível nacional e internacional. A proposta depois é divulgar para ver se teve êxito, se chegamos e encontramos aquilo que estava previsto no cronograma”. Padre Jones Teixeira é coordenador da área pastoral Serra-Fundão e conta que quando padre Pedro Camilo apresentou o projeto ele achou muito importante e por isso disponibilizou o território de sua paróquia para que o encontro acontecesse.
A proposta de trabalhar em grupo é para que cada um veja que os seus problemas, vividos na comunidade ou na própria família, são questões humanas. “Então o que está na família de um por exemplo, está na família de todo mundo. É humano o que está acontecendo na vida de todo mundo neste momento que estamos vivendo. E na medida que eles vão justamente partilhando dá para ver que um vai percebendo que tal situação acontece com ele também. A gente vai encontrando solução, a partir do que eles vão desenhando e vão tendo como insight”.
Paz e Pão
Mas todo esse trabalho não é totalmente gratuito às lideranças. Padre Pedro Camilo detalha que quem vai a cada 15 dias precisa levar um kg de alimento não perecível, para ser distribuído depois às famílias carentes, pelo trabalho da Campanha Paz e Pão da Arquidiocese de Vitória. O objetivo é externar essa importante relação de troca, para que cada um perceba que recebe algo e precisa devolver algo ao seu próximo.
Sigilo
Durante as reuniões não é feito nenhum registro, pois é necessário preservar as identidades das pessoas que estão no grupo. Por uma questão de ética não são divulgadas imagens dos participantes e mesmo aqueles que fazem ao final de cada encontro uma resenha de como está se sentindo, de como foi o encontro, os nomes não são divulgados. Padre Pedro Camilo faz um apanhado de tudo, registra em um relatório, mas preservando sempre a identidade e singularidade de cada pessoa que na verdade está abrindo muito o coração e expondo coisas que são pérolas.