“Tradição e Religiosidade em Rendas de Bilro” é o tema da Mostra produzida pelo Projeto Barra de Renda, da Barra do Jucu, em Vila Velha. São peças e indumentárias sacras confeccionadas com rendas de bilros.
O Batismo, a Primeira Comunhão, o Casamento, momentos únicos na vida de qualquer pessoa cristã. Inspirado na beleza, delicadeza e intensidade destas celebrações, o Grupo Barra de Renda quer contribuir para que a emoção seja maior ainda. E para isso criou peças exclusivas para tornar tudo ainda mais inesquecível.
É projeto Tradição e Religiosidade em Renda de Bilro, uma mostra de peças e indumentárias, voltadas para cerimônias religiosas e outros momentos sagrados, com aplicações em renda de bilro produzidas por um grupo de rendeiras da Barra do Jucu, em Vila Velha.
“Apresentamos objetos e indumentárias que eram ou ainda são costumes em celebrações, destacando o seu papel importante, na expressão e significado sentimentais e de memorias afetivas, nos eventos religiosos e familiares”, afirma Regina Maria Ruschi, coordenadora do Grupo Barra de Renda.
Toda Mostra está sendo apresentada em um vídeo do projeto devido à pandemia de Covid 19, que não permite uma exposição aberta ao público. Com uma duração de 16:15 minutos o vídeo, que pode ser conferido no link https://youtu.be/9dnIAYXawlA, é um passeio pela história da renda de bilro e das mulheres rendeiras, e pela vila de pescadores que já teve nesta arte um meio sustento das famílias locais, e pelos símbolos da fé cristã.
O lançamento aconteceu no canal do youtube e pelas páginas do grupo Barra de Renda no Facebook e Instagram. O vídeo e é fruto da exposição montada na Igreja Nossa Senhora da Gloria uma igrejinha centenária localizada no Centro da Barra do Jucu, que aconteceu nos dias 16 e 17 de maio.
Para Laura Emília Siqueira, coordenadora da comunidade Nossa Senhora da Glória Barra do Jucu, foi uma alegria do trabalho das rendeiras. “Nossa comunidade, Nossa Senhora da Glória da Barra do Jucu, em Vila Velha, completa esse ano 108 anos, a mais antiga dessa região 5, e foi agraciada ao receber a exposição do grupo Barra de Renda. Foram expostas peças de linho com Renda de Bilro, compondo alfaias litúrgica e acessórios para casamento. As rendas de Bilro são raras, totalmente manuais, trabalhadas delicadamente cada detalhe do seu desenho. Um trabalho especial feito por um grupo especial. As rendeiras de Bilro resgataram este trabalho que já foi tão importante no sustento de tantas famílias. O grupo demonstra grande zelo com o trabalho e com o próximo, passando os ensinamentos, sem reservas de geração à geração. Para nós é sempre uma grande alegria prestigiar e fazer parte desse trabalho”, afirmou.
Incentivo
O projeto é um incentivo ao resgate da renda de bilro produzida artesanalmente, uma tradição na Barra do Jucu e que há cinquenta anos não era praticado mais. Hoje cerca de 30 mulheres da comunidade já confeccionam a renda, um trabalho minucioso e que já reconhecido em todo o Estado.
“É um recurso que tem contribuído muito para o incentivo das rendeiras da comunidade, e seguindo os princípios da economia criativa, também fomentado outros artesãos locais, que produzem a almofada que serve de base para produzir a renda, o cavalete de madeira, e outros profissionais que se integram à produção. Tudo isso movimenta a economia local”, afirma Regina Ruschi.
O trabalho, desenvolvido durante o isolamento social imposto pela pandemia, mira no futuro e em novos mercados. “O turismo religioso é forte em algumas cidades, e o Espírito Santo tem uma tradição religiosa grande também. Então pensamos muito neste mercado para projetar a Mostra e as peças que estamos trabalhando com muita esperança”, ressalta.
Recentemente o grupo confeccionou três tolhas de altar para o Convento da Penha e agora, uma para a Igreja Nossa Senhora da Gloria, da Barra do Jucu. “Foi uma produção afetiva que nos animou muito”, afirma Regina.
Designer
O trabalho de idealização e criação das peças é assinado pela designer e consultora Jacqueline Chiabay. “Mostramos como a essência do uso que está no ato de eternizar estas datas em forma de presentes, lembranças de família e se tornando presença marcante e nostálgica como adornos nos lares até os dias de hoje”.
“Propomos uma relativização da valorização da tradição em meio à contemporaneidade, cultivando o sentimento de pertencimento e de perpetuação do oficio. Enaltecendo a iniciativa do resgate e do repasse de conhecimento do fazer da renda”, destaca Jacqueline. Instrutora
Para a instrutora de Renda de Bilro no projeto e quem orientou as rendeiras na confecção das peças, Marisa Vieira Gervásio Vieira, o trabalho foi mais difícil devido à pandemia que impede a aproximação. “São mulheres, algumas idosas, que ficam nas suas casas, que tem muitos afazeres, então foi um desafio. Tivemos que gravar vídeos com as orientações, editar, e as alunas usar estes novos instrumentos. Tudo isso é novo pra nós. Mas todas assumiram com muita dedicação”, afirmou.
Se a pandemia tirou a alegria e o calor das rodas de rendeiras, o prazer de produzir renda continuou muito presente. “O resultado nos surpreendeu muito. Todas trabalharam de casa e essa Mostra de Peças Religiosas é muito importante para nós. É uma satisfação imensa ver as peças lindas que estão saindo e que quando iniciamos o projeto nem imaginávamos que seriam assim. Eu me desafiei, achava que não ia dar conta, mas no final estou bem surpresa”, afirma a instrutora.
Peças da Mostra:
Madrião – Vestimenta do Batismo;
Alfaias Litúrgicas – Paramentos usados no momento do ofertório das celebrações;
Mantilha – ou véu, foram usadas pelas mulheres deste os primeiros séculos, quase 2 mil anos, nas celebrações religiosas.
Véu da noiva – Nos últimos séculos o véu da noiva esteve intimamente ligado às tradições religiosas. Seu uso já registrado no Antigo Testamento bíblico.
Toalhas de Batismo – A maior utilidade da toalha de batismo é secar a cabeça da criança ns pia batismal durante a celebração. Também serve como opção para presentear vovós e padrinhos.
Vela do Batizado – É segurada pelos padrinhos durante o batizado e entregue posteriormente à criança, dizendo: “Receba a luz de Cristo”. Essa vela grande representa o Círio Pascal, Cristo a Luz do Mundo.
Vela da Primeira Comunhão – Expressão de vida e fé daqueles que rezam e presença de Deus entre nós. A Vela traz também o sentido de velar, também significa vigiar, tomar cuidado.
Velas do altar – A cera simboliza o Pai, o barbante o Filho, e o fogo o Espírito Santo. A vela sozinha acesa significa Cristo Nosso Senhor.
Terço – O instrumento de reza representa a terça parte do Rosário, conjunto de orações proposto pelo Frade Alan de Rupe em 1470. Sua origem remete à recitação dos 150 Salmos Bíblicos.
Almofadas de Misericórdia – Também chamadas de Genuflexório, ou ainda propiciatório. Propicia o conforto de pessoas que se mantem por longos períodos em oração.
História das rendeiras da Barra do Jucu
O Grupo Barra de Renda surgiu a partir da iniciativa de se consolidar o resgate da técnica da RENDA DE BILRO na Barra do Jucu, em Vila Velha, Espírito Santo. Este ofício já foi a principal fonte de renda das mulheres deste lugar até meados dos anos 70 e com tempo foi perdendo a representatividade.
O projeto de resgate originou-se de uma pesquisa realizada em 2014 pela arquiteta Regina Ruschi e contou com a dedicação das mestras Rosa Leão Malta e Enedina França de Paiva.
Regularmente as oficinas de renda contam com 20 a 30 mulheres, envolvendo mestras, oficineiras e aprendizes de todas as idades, que se dedicam a compartilhar saberes vislumbrando a perpetuação desta riqueza cultural.
Em 2019, através de um projeto da designer Jacqueline Chiabay, com apoio do SEBRAE ES, o grupo recebeu consultoria e direcionamento para que se tornasse uma unidade produtiva, coleção de produtos com design e gestão da produção, oportunidade de ação de mercado e de gerar renda para os participantes de forma sustentável.
Atualmente o grupo Barra de Renda, além de contar com a dedicação de voluntários coordenadores e parceiros, é formado por rendeiras, bordadeiras, costureiras, crocheteiras e outros artesãos que atuam com modelo de gestão compartilhada e produção coletiva promovendo o desenvolvimento da economia na região através deste artesanato de tradição.
Apoio: Lei Aldir Blanc, Governo do Estado do Espírito Santo, Secretaria Especial da Cultura, Ministério do Turismo, Governo Federal.
Saiba mais sobre o Projeto:
Instragram: @barraderenda
Facebook: Projeto Barra de Renda
Youtube: https://youtu.be/9dnIAYXawlA
Mais Informações:
Coordenadora: Regina Maria Ruschi – (27) 98819-4340
Curadora e Designer: Jacqueline Chiabay – (27) 99870-0521
Assessoria de Imprensa – Marina Filetti – (27) 98848-4304