“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma.” (Tiago 2, 17)
Estamos vivendo um momento mundial muito crítico que afeta a todos. Pelas previsões uma nova longa crise econômica e social já está acontecendo mundo a fora. A guerra na Ucrânia, o embargo à Rússia e a consequente disparada do preço das commodities tem levado a nossa velha conhecida inflação, ao mundo todo. Com a alta taxas de juros os banco centrais mundiais, como o nosso também, tentam desacelerar mais ainda suas economias para conter a inflação e a previsão é de uma economia mundial em recessão.
A queda brusca da oferta de energia e de alimentos é consequência da guerra na Ucrânia e dos embargos à Rússia. O mundo globalizado traz isso. O que acontece em um país que muitos desconheciam pode levar a fome para muitos países afetando diretamente, em especial os mais pobres.
Um exemplo dado no Fórum Mundial em Davos, citado pela CNN deixa clara essa interconexão: “…se a Rússia interrompe o fornecimento de fertilizantes, cai a produção de soja no Brasil, os porcos na China comem menos ração que contém soja e haverá menor oferta de proteína animal”. Sabemos o que acontece com a queda da oferta: a subida dos preços. Essa dinâmica é cruel para os mais pobres.
Não é uma consequência do governo brasileiro. Claro que vão politizar isso, mas estudo IPEA mostra que isso não é novo. Em 2013 20,5% da população urbana estava em insegurança alimentar no Brasil. Em 2018 subiu para 35,1% dos brasileiros urbanos e 46,4% na população rural. O estudo mostra que em 2018 (antes da pandemia), “um quinto das famílias em domicílios rurais e urbanos se encontrava em insegurança alimentar moderada ou grave”. Assim posto vamos esquecer a “guerra” política que assistiremos aqui no Brasil, de a quem responsabilizar por essa realidade porque o concreto, o real é que já estávamos vivendo uma situação de fome intolerável e que fatores externos agravaram e, pior que isso, agravará mais ainda a fome no mundo todo e evidentemente no Brasil. Não é hora de retórica.
É hora de superar as diferenças políticas e ajudar a quem está passando fome. Não podemos como cristãos esperar que governantes externos ou internos apareçam com soluções paliativas ou não. Está na hora de procurar sua paróquia e organizar grupos de distribuição de comida aos carentes. É hora da caridade. É hora da misericórdia. Muitos passam fome e muitos estão com medo de passar.
Vania Reis