O Messias Sofredor

12 setembro, 2021

Antonio Vitor I “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8, 34b)

A Liturgia de hoje nos convida a refletir sobre o caminho de realização humana que perpassa pela fé e adesão verdadeira a Jesus Cristo. Um caminho que não leva ao fracasso, como julga o mundo, mas à Vida verdadeira. 

Na Primeira Leitura (Is 50, 5-9a), ouvimos o relato de um profeta anônimo que incumbido da missão de anunciar e testemunhar a Palavra salvadora de Deus experimenta a perseguição e os sofrimentos.  Conhecido como “Servo do Senhor”, é interpretado desde os primeiros cristãos como figura de Jesus Cristo: perseguido e morto por causa de sua Palavra de Salvação. No entanto, como relatado no livro de Isaías, o “Servo do Senhor” tem Deus como auxiliador (Cf. Is 50, 9a), por isso não há razão para medo. E de fato, Deus ressuscitou e glorificou seu Filho. Quem confia em Deus e segue fielmente suas propostas não fica decepcionado. 

Já na Segunda Leitura (Tg 2, 14-18), a Carta de São Tiago nos propõe que a fé sem obras é morta. Ou seja, a nossa fé deve traduzir-se em ações concretas no mundo, caso contrário se tornará apenas uma declaração de boas intenções. Aderir ao projeto de salvação de Jesus Cristo implica acolher a vida nova e plena que gratuitamente nos é ofertada e transparecer essa adesão em gestos de solidariedade, fraternidade e amor ao próximo. É no cotidiano, portanto, que a vivência da fé se materializa em ações de serviço e partilha. Discursos, conselhos, teorias e reflexões bem elaboradas se tornam desprovidos de sentido se não são acompanhados de gestos concretos. Nesse sentido, ser cristão não é algo que se vive na teoria, não é apenas um registro no livro de batismos da Paróquia. Mas sim uma adesão sincera a Cristo que significa conformar nossa vida aos valores do seu Evangelho e manifestar a fé na vida concreta. 

No Evangelho (Mc 8, 27-35), Marcos nos relata a confissão de fé de Pedro e dos discípulos de que Jesus é o Messias. Jesus faz duas perguntas aos discípulos: o que os outros pensam Dele e o que os próprios discípulos pensam Dele. A opinião do povo é de que Jesus é um profeta (João Batista, Elias), uma continuidade do passado. Seus olhos deixam escapar a originalidade e novidade de Jesus: o cumprimento da profecia, Aquele que vem para salvar. Veem Jesus apenas como um homem justo; não entenderam a profundidade do seu mistério. Pedro, no entanto, em nome da comunidade dos discípulos proclama que Jesus é o Messias. Mas Pedro ainda não havia compreendido a missão de Jesus e confunde seu messianismo somente com a glória e a vitória. Por isso Jesus é repreendido por Pedro após explicar que Ele deverá sofrer muito, ser rejeitado, morrer e ressuscitar no terceiro dia. 

Entretanto, é nesse contexto que  Jesus revela a tônica de sua missão e nos dá a lógica de seu seguimento: “[…] Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. Pois quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la” (Mc 8, 35). Seguir a Jesus e aderir a sua proposta de salvação não exclui os sofrimentos inerentes a essa decisão, nem torna a vida mais tranquila ou “perfeita”. Mas, antes de tudo, significa abraçar a exemplo do Senhor as rejeições e sofrimentos, fazer a fé frutificar em gestos concretos e levar às últimas consequências o amor a Deus e ao próximo.

Antonio Vitor Favero

Seminarista do 1º ano de Teologia.

Paróquia de Origem: Nossa Senhora da Conceição – Alfredo Chaves.

Paróquia de estágio Pastoral: Bom Jesus – Novo Horizonte – Cariacica.

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