O Senhor da Vida

27 junho, 2021

Willian Cardoso I “Menina, levanta-te!” (Mc 5, 41b).

Vemos no Evangelho de hoje uma prova do  amor que Jesus Cristo tem à vida: Ele se levanta em favor da vida,  cura e a liberta (cf. Mc 5, 21-43). O ato de Jesus de colocar-se ao lado dos mais frágeis, devolvendo-lhes vida, dignidade e liberdade nos mostra e nos fortalece na fé que temos n’Ele. É nesse sentido que se afirma que Deus é apaixonado pela vida e que, possuindo um amor sem medida por nós, quer que compreendamos melhor este mistério de nossa fé, que transparece na Liturgia deste Domingo.

A Primeira Leitura de hoje nos fala acerca da morte (cf. Sb 1, 13-15. 2, 23-24), e para melhor elucidar esta temática, trago o pensamento de Santo Agostinho que no diz: “a morte não é nada. É somente uma passagem de uma dimensão para outra”. Que dimensão é esta da qual nos fala Santo Agostinho? É a passagem da vida na terra para a vida em Cristo, aquele mesmo que no Domingo passado provou a nossa fé, mas ao mesmo tempo nos mostrou o seu amor para conosco.

Santo Agostinho vai continuar dizendo: “Eu somente passei para o outro lado do caminho, eu estou agora em uma outra vida, não podem atormentar esta minha passagem com tristeza e lagrimas. Eu tenho que ter muita paz para purificar minha alma e andar tranquilo pelos jardins da dimensão que me encontro”.

Nesta fala de Santo Agostinho transparece uma realidade que, a olho humano, é impossível, pois quando perdemos alguém em nossa vida, nossos sentimentos fazem com que expressemos isso com tristeza e choros; porém, aos olhos da fé, temos que compreender que a morte é uma passagem e o luto que guardamos pela morte de alguém também deve ser passageiro, e após esse luto o nosso dever cristão é orar pela sua alma, e assim ir transformando o luto em oração e fé.

E isso é tão forte em nossa vida cristã que o Salmo Responsorial de hoje vem fortalecer ainda mais (cf. Sl 29/30), esta temática de nossa fé, pois diz: eu vos exalto, ó Senhor, pois me livrastes e preservastes minha vida da morte. Ou seja, o clamor que devemos elevar ao Senhor é um eco da fé em que cremos, pois afirmamos que passando da vida terrestre para a vida celeste, a morte não é a última palavra, e sim caminho de vida plena que temos após esta vida, e que se concretiza no Juízo Final. Estas duas passagens (Primeira Leitura e Salmo) nos mostram o apreço que Jesus tem à nossa vida, e a importância da passagem da vida terrena para a vida celeste.

Passando ao Evangelho, podemos destacar três pontos importantes: primeiro, a postura do chefe da sinagoga (Jairo); o tocar das vestes de Jesus (mulher em enfermidade); e mais uma vez, a confirmação de Jesus Cristo, que ama a vida.

O importante encarregado da sinagoga, Jairo, se jogou aos pés do Senhor em desespero e humildade, insistindo para que curasse sua filha: O ato de fé ou o desespero diante do sofrimento? Não podemos julgar este ato, mas abençoados são os “jairianos” desta terra que estão constantemente intercedendo e perturbando o Senhor! Isso perturba o Criador até que ele entre em nas casas, nas vidas, e mude seu curso. Cada um de nós, de certo modo, é esta jovem que chora, à qual Jesus toma pela mão e diz: Talitá cum! Levante-se! Ouse acreditar e esperar! Acorde sua vida adormecida! Encontre de volta a descoberta do amor e a alegria de viver!

A mulher sem nome se aproximou de Jesus no meio da multidão apenas para “roubar” o milagre, na esperança de que ninguém a visse tocando as vestes da graça. Por 12 anos, sangrou de sangue e solidão. Na verdade, com tantas práticas, apenas ela tocou seu coração.

Nesta passagem do Evangelho, vemos o poder da cura de Jesus apenas pelo toque, toque este que fez com que saísse uma força muito forte de Jesus, em direção à multidão. Esta passagem nos demonstra o poder de nossa fé e da oração, capaz de levar a cura aos mais necessitados. Em nossa realidade, faz-se necessário também trazer a importância da adoração ao Santíssimo Sacramento, pela qual somos impelidos através da fé e da oração a pedir, louvar e levar as bençãos e curas às vidas dos enfermos e necessitados do mundo e da sociedade. Muitas vezes ficamos presos aos nossos problemas, mas devemos lembrar que em nosso Batismo está incumbido o poder missionário, o poder além do toque, poder este que é transmitido através da oração. 

E por fim, o amor a Deus: duas pessoas, duas situações e duas maneiras diferentes de se aproximar de Jesus; uma proclamando publicamente sua fé; outra mostrando uma fé silenciosa. No fundo de seus corações, os dois agraciados estão unidos por causa de sua fé em colocar suas vidas nas mãos de Jesus. Isso é o suficiente para Deus. Nossos frágeis fragmentos de fé bastam para fazer estremecer o seu coração. Quando pensamos que tudo acabou, ele nos sussurra: Seu coração não está morto, vá dormir! Porque a vida não está morta, ela apenas adormeceu.

O encantamento não morrerá, apenas ficará embotado. Para Deus, a morte é uma ilusão, não realidade. Muitas pessoas estão dormindo em nossos corações, gradualmente desaparecendo no anonimato, e a vida se torna eclipsada. Mas porque o amor não tem fim, Deus pode cruzar o limiar do sono e da morte, repetindo-nos com o seu instinto de vida: meu filho, levanta-te! Caros irmãos e irmãs, devemos nos levantar porque o amor não vive para a morte, mas para a vida! Este é o Evangelho!

Que sempre reine em nossos corações e em nossas vidas o amor de Cristo, e que sempre nos recordemos que a morte não é a última palavra, e sim a Vida Nova em Cristo, que nos é fortalecida pela Fé.

Willian Miranda Cardoso

Seminarista do 2º ano de Filosofia.

Paróquia de Origem: São José – Guarapari.

Paróquia de Estágio Pastoral: Santa Mãe de Deus – Ibes -Vila Velha.

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