O Pe. Mirco Pollinzi e o Pe. Francesco Gentile, da paróquia de Isola Capo Rizzuto, deveriam estar na Praça de São Pedro ‘somente’ – por assim dizer – para acompanhar um grupo de crismandos. Em vez disso, eles se apresentaram como testemunhas, diante do Pontífice, de um acontecimento que marcou de forma indelével a consciência das comunidades da costa da Calábria. E não só isso.
“É um luto familiar”, confirmam Pe. Mirco e Pe. Francesco. Na Praça São Pedro, eles trouxeram a força espiritual da Via Sacra celebrada na praia de Cutro no último domingo, com uma cruz feita da madeira do naufrágio.
As dolorosas palavras dos dois sacerdotes fazem eco daquelas do pároco de Steccato di Cutro, Pe. Pasquale Squillacioti, que confiou aos dois sacerdotes uma carta pessoal ao Pontífice. Para ‘L’Osservatore Romano’ – por telefone – Pe. Pasquale conta como é importante o presente ao Papa de um fragmento dos destroços. “Pedimos a ele que permaneça unido a nós em oração, para que o mar devolva os corpos dos desaparecidos, para que tenham um enterro digno e os parentes tenham um lugar onde possam ‘buscar’ conforto e proximidade com aqueles que já não estão mais lá”. Teme-se, diz Pe. Pasquale, “que o número de corpos ainda não recuperados possa estar entre 30 e 40”. As pessoas que sobreviveram, conta ele, são cerca de 80.
Não é a fadiga e nem o cansaço, após 10 dias ‘intermináveis’, que o viram entre as primeiras testemunhas de ‘imagens apocalípticas que espero que não sejam esquecidas’, que fazem Pe. Pasquale perder ‘seu sentido de paternidade’. A resposta do povo da Calábria tem sido, desde as primeiras horas do naufrágio, “um brilhante testemunho de fé”, observa ele.
“Há um ano, neste dia, eu estava celebrando um funeral de um feminicídio. Este ano, estamos de luto por muitas vítimas inocentes, inclusive muitas mulheres”, conclui Pe. Pasquale, referindo-se ao Dia Internacional de 8 de março.