Pastoral Carcerária: novo diretor espiritual

18 setembro, 2021

Padre Vitor César Zille Noronha é o novo diretor espiritual da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Vitória. A provisão saiu nesta sexta-feira (17) em uma reunião com o Vigário Geral da Arquidiocese, padre Jorge Campos, onde foram passadas algumas orientações. O sacerdote conta que há cerca de um mês, em conversa particular com o Arcebispo Metropolitano Dom Dario Campos, falou sobre os trabalhos que estava desenvolvendo na Pastoral Carcerária e recebeu o convite para assumir esta nova missão.

“O sentimento é de graça e responsabilidade. Dom Dario sabe muito bem os enormes desafios que estamos enfrentando, especialmente nessa retomada da pandemia, e que a Pastoral precisaria de um acompanhamento mais personalizado. Prontamente, aceitei. Depois a responsabilidade pesou, me lembrei que eu tinha apenas duas ou três semanas de ordenado e que tanta gente muito mais capaz que eu poderia assumir esse serviço. Ponderei a minha inexperiência e a minha incapacidade, ele ponderou de volta dizendo que eu deveria contar muito com o Pe. Kelder Brandão, Vigário Episcopal para a Ação Social, bem como com as lideranças da Pastoral Carcerária. Mesmo reconhecendo minha pequenez, em nenhum momento passou pela minha cabeça negar, pois reconheço que, parafraseando Maria Santíssima, Deus olhou para a pequenez deste servo, mas jamais negaria um chamado da Igreja, por um lado, e por outro tenho um profundo desejo de servir Nosso Senhor Jesus Cristo na pessoa do irmão encarcerado (Mt 25,36).”

Sobre a experiência nos presídios padre Vítor destaca que atuou muitos anos no âmbito da então Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese de Vitória, período bem anterior a sua entrada no Seminário, e um tempo como seminarista, participou de muitas iniciativas de vistorias que buscavam defender a dignidade dos encarcerados, denúncias nacionais e internacionais sobre tortura no cárcere, mediação em direitos humanos em conflitos, entre outros.

“O espaço do cárcere foi até um espaço importante para o meu discernimento vocacional. Na experiência do Crucificado na pessoa do irmão encarcerado é que eu senti a interpelação do Ressuscitado que me chamava a servi-lo como presbítero na vida dos mesmos encarcerados e de tantos/as irmãos e irmãs. Mas foi somente como Seminarista, nos anos de 2017 e 2018, quando atuava na Paróquia Bem-Aventurado Pe. Eustáquio, em Guarapari, que me envolvi na Pastoral Carcerária efetivamente, visitando e celebrando no CDP de Guarapari. Desde então nunca mais saí. Inclusive, fiz questão de celebrar uma das minhas primeiras Missas em um presídio, no caso, na Média II de Viana, penitenciária destinada à população LGBTQI”.

Para padre Vitor o sentimento de assumir essa missão é de insuficiência, limitação e pequenez. Mas, principalmente de grande graça, como uma resposta decidida no serviço: “ Sei que posso contar com a graça de Deus; com o apoio da Coordenação Arquidiocesano da Pastoral Carcerária – a quem jamais pretendo estar acima, como quem manda, mas caminhando lado a lado, como quem serve; com a doação de tantos Padres e Diáconos Permanentes, especialmente pelas Áreas Pastorais, nas necessidades sacramentais e na animação de novos agentes; com o apoio do Vicariato para a Ação Social, especialmente do Pe. Kelder e com todo Povo de Deus, especialmente com nossos agentes, que se compadecem dos irmãos e irmãs encarceradas.”

Pastoral Carcerária

O novo diretor espiritual explica que a Pastoral Carcerária é fundamental na Igreja, porque é uma resposta eclesial a uma interpelação de Nosso Senhor Jesus Cristo que disse em primeira pessoa: “Estive preso e viestes me visitar” (Mt 25, 36) – que é o seu lema. Portanto, não somente quando ele esteve na sua peregrinação terrestre ele foi preso e torturado, mas permanece hoje nos encarcerados clamando por justiça e pela presença amorosa dos cristãos. “Mais do que isso, ir ao encontro dos encarcerados, visitá-los, amá-los, servi-los, lutar pela sua libertação, defender uma justiça restaurativa que tenha força suficiente para tirá-los dessa condição, não é somente um valor cristológico, o que já seria fundamental para nossa Fé. Tem valor salvífico, justamente por estar inserido no discurso escatológico de Mt 25. Uma Igreja que não vai aos encarcerados é uma Igreja que se esqueceu do Evangelho. Através da Pastoral Carcerária – mas não somente – a Igreja é sinal de salvação, o que é sua missão primeira”.

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