Domingo de Ramos

27 março, 2021

Ewerton Venâncio | “Bendito o que vem em nome do Senhor”.

Com a liturgia de hoje somos convidados a contemplar intimamente o mistério de Cristo, uma vez que nesta santa semana, recordamos e percorremos dia a dia os últimos passos do Senhor, do caminho da Cruz até à sua Ressureição. Neste sentido o Domingo de Ramos é a porta de entrada para este nosso caminhar. O Evangelho que antecede a procissão é retirado de São Marcos e nos remete à chegada de Jesus em Jerusalém (cf. Mc 11, 1-10).

Já na altura de Betfagé e Betânia, Jesus envia dois discípulos para encontrar no povoado, logo à frente, um jumentinho. Jesus pede aos discípulos que desamarrem o animal e o tragam até ele, e, entretanto, algumas pessoas questionam e não entendem tal solicitação. “Trouxeram então o jumentinho a Jesus, colocaram sobre ele seus mantos, e Jesus montou” (v.7). É uma cena que certamente surpreende, mas que encontra seu desfecho nos versículos seguintes: “Muitos estenderam seus mantos pelo caminho, outros espalharam ramos que haviam apanhado nos campos. (v.8) Essa atitude do povo que recebeu Jesus em Jerusalém recorda as antigas tradições de estender os mantos aos reis como sinal de aclamação e adoração, como, por exemplo, pode-se verificar na passagem do segundo livro de Reis: “Imediatamente todos pegaram seus mantos e os estenderam sobre os degraus, aos pés de Jeú […]” (2Rs 9, 13a).

É neste contexto que se realizou a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. Mas como se vê, Ele vem não se comporta como um rei ao estilo da época, a desfilar num majestoso cavalo de guerra como símbolo de força e poder. Para a surpresa de todos, Ele vem num jumentinho, usado pelos servos em seus duros trabalhos. Esperava-se um Messias que fosse rei potente, e eis que Deus envia um servo humilde e frágil, a ponto de as autoridades de Israel não suportarem tamanho escândalo e contradição. O que se segue bem costumamos recordar no tão conhecido canto popular: “Eles queriam uma grande Rei, que fosse forte e dominador. E por isso não creram n’Ele e mataram o Salvador…”.

É interessante destacar que o grande mistério da paixão começa com o grito de Hosana: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor!” (v.9). De fato, Cristo é Rei e Salvador, e tal expressão é um grito de louvor e adoração, que depois tristemente se desdobrará no clamor geral pela crucificação do inocente: “crucifica-O!” (Mc 15, 13). Não por acaso, mais para mostrar a grande entrega de amor que é a Cruz.

Bendito seja o Senhor que vem ao nosso encontro constantemente, sobretudo nestes tempos difíceis. Deixemo-nos conduzir por sua graça, e que Ele nos ajude a compreender e vivenciar o mistério da Paixão, que vamos adentrar nesta santa semana.


Paulus. Bíblia Sagrada: edição pastoral. 2. Ed. São Paulo, Paulus, 1990.

Ewerton Venâncio Mariani 

Seminarista do 3º ano de Filosofia;

Paróquia de origem: Sant’Ana, Marechal Floriano – ES;

Paróquia de pastoral: São Lucas, Novo México, Vila Velha – ES).

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