Falta pouco mais de um mês para o Natal e o clima natalino já invadiu o comércio, as ruas e as casas dos capixabas. Muitas famílias, inclusive, já montaram suas árvores de natal. Porém, você sabia que existe um dia correto para que os cristãos católicos montem e desmontem este item que é tradição desde o ano 723? A data de início da decoração das casas para o Natal deve ser o primeiro dia do Advento que neste ano será em 29 de novembro.
Padre Rodrigo Chagas é coordenador da Comissão de Liturgia da Arquidiocese de Vitória e explica que as pessoas acabam se deixando levar pela moda, principalmente pelo comércio que incentiva que tudo comece um pouco antes, pois precisam de um tempo maior para fazer suas vendas e alcançar suas metas.
“Como a nossa meta é o Cristo, não precisamos ter tanta pressa pra montar a árvore de Natal e enfeitar a casa. O diferencial de nós, cristãos católicos, é que também não devemos decorar tudo no mesmo dia. É preciso começar no primeiro dia do Advento e conforme vai se aproximando o dia do Natal, decoramos cada vez mais a nossa casa até chegar a grande noite em que Cristo, o Senhor, nasce no meio de nós”.
Já a data em que as pessoas devem desmontar a árvore e tirar os enfeites natalinos da casa é o dia 6 de janeiro, Solenidade da Epifania do Senhor aos Reis Magos, em que comemoramos a manifestação de Deus no meio de nós, pela vinda do seu próprio filho: “então se Cristo está conosco, ele habita entre nós e armou sua tenda entre nós. Por isso não precisamos mais dessas manifestações externas do nascimento do Senhor, porque ele se manifesta e está presente dentro de nós que somos batizados.”, detalha padre Rodrigo.
História
A árvore de Natal nasceu na Alemanha, com São Bonifácio. No ano de 723, o monge foi enviado para a Alemanha como bispo com o objetivo de restaurar os valores católicos e cristãos na região. Chegando ao local ele viu que tinha um grande carvalho dedicado ao Deus Thor em que o povo fazia seus cultos. Vendo essa heresia ele marcou um dia para derrubar esse carvalho e fazer uma catequese reafirmando que nosso verdadeiro Deus é uno, trino e é o que seguimos até hoje. Esse carvalho ao cair foi destruindo tudo que via pela frente, mas quando acabou de deitar no chão, foi visto que um pequeno pinheiro que estava próximo se manteve de pé, intacto e são Bonifácio enxergou isso como um milagre.
“Isto aconteceu no período do Advento e ele acabou ligando a figura do Pinheiro com a vinda do Cristo. Então ele colocou essa primeira árvore de Natal como a árvore do menino Jesus. Começou pela Alemanha e se difundiu pelo mundo inteiro. Em 1982 ela foi montada pela primeira vez no Vaticano e o papa João Paulo II fez uma analogia trazendo a questão da árvore do menino Jesus com a árvore da vida anunciada no livro de Gênesis. Então quem é hoje a árvore da vida para nós? Jesus Cristo. O próprio Cristo que vem, nasce no meio de nós para nos trazer a vida, uma nova vida junto de Deus”, afirma padre Rodrigo.
Presépio
O Presépio surgiu no ano de 1223 com São Francisco de Assis, em Assis, na Itália. São Francisco queria fazer uma pregação falando do Natal e para que pudesse também dramatizar mais essa pregação e as pessoas entendessem melhor como foi o nascimento de Jesus ele pediu ao Papa da época autorização para fazer uma representação teatral.
Daí para frente o povo gostou muito da ideia e começaram a reproduzir esse ato todos os anos. As pessoas mais abastadas mandaram fazer as pequenas imagens do presépio, montando em suas casas o nascimento do Deus que se encarnou no meio de nós e só no século XV que se popularizou, pois começaram a produzir imagens do presépio com materiais mais baratos.
A Igreja indica que o presépio deve ser montado no primeiro domingo do Advento, assim como a árvore de Natal. E de acordo com padre Rodrigo “é importante porque ele vai trazer esse Cristo para a nossa realidade, para nossa Igreja doméstica, fazendo com que Ele nasça no meio de nós”. Vale ressaltar que o menino Jesus só deve ser colocado no presépio na noite do dia 24 de dezembro.
Advento
O tempo do evento é um grande retiro. É a preparação espiritual que fazemos para viver o Natal e celebrar o Cristo que nasce todos os anos trazendo uma esperança para seu povo. É o cristo que há de vir e devemos viver intensamente este tempo. Só que é um tempo de deserto, tempo em que os cristãos devem se recolher um pouco mais. Pode-se notar que a Igreja tem menos enfeites, menos flores e não se canta o hino do Glória. Tudo em um clima de expectativa para a chegada do filho de Deus que vai trazer a salvação.
“Devemos estar recolhidos em nossas orações. E em relação aos enfeites, esse momento da decoração da casa, deve ser vivido a cada a cada domingo. Assim como vamos acendendo em nossas comunidades a coroa do Advento, para iluminar cada vez mais a nossa igreja, também nós devemos acender a esperança da chegada de Jesus em nosso coração, nossa casa, nossa vida e nossa família”, finaliza padre Rodrigo.