A Festa da Penha 2023, maior festa religiosa do Estado e uma das maiores festas Marianas do Brasil, começa no Domingo de Páscoa (09 de abril) e vai até a segunda-feira (17 de abril), dia da Padroeira do Espírito Santo. Uma tradição que marca o fechamento dos festejos há muitos anos são os conhecidos shows que acontecem após a missa de encerramento da Festa na Prainha, geralmente com a participação de artistas religiosos conhecidos nacionalmente.
Esses shows são realizados em parceria com a Prefeitura Municipal de Vila Velha – cidade onde está localizado o Convento da Penha – que sempre organizou a programação cultural durante a Festa. Entre os anos de 2004 e 2008 houve uma ampla conversa entre a Comissão da Festa da Penha e a prefeitura para que a programação cultural e religiosa trabalhassem de maneira integrada para sanar conflitos de horários e estabelecer características de escolha de artistas mais favoráveis ao evento que é religioso.
Durante 22 anos (1996-2018) Maria da Luz Fernandes, Assessora de Imprensa do Arcebispo, fez parte da Comissão Organizadora da Festa da Penha e ela detalha que a prefeitura sempre foi uma parceira muito forte, da Festa da Penha, pois ela acontece ali, no território da cidade. Foram alguns anos de conversa entre todos os interessados para que os shows populares, que aconteciam paralelamente à Festa da Penha, passassem a ser religiosos e ela assegura que foi um diálogo longo, mas tranquilo.
Nesse período a Comissão da Festa, percebeu a necessidade de realizar alguns eventos em outro local, pois chegou um momento em que o Campinho do Convento não comportava mais o número de devotos, peregrinos e romeiros. Os momentos que aglomeravam mais pessoas no mesmo horário eram a Romaria dos Homens, das mulheres e o encerramento. A proposta que a prefeitura acolheu funciona até hoje.
Os últimos três dias da Festa da Penha acontecem em alguns momentos no Campinho do Convento e outros na Prainha, fazendo com a festa cultural/popular e religiosa se tornem uma única festa. A concentração da chegada das romarias e o encerramento permanece até hoje na Prainha e a prefeitura continua realizando outras atividades culturais em horários que não conflitem com as atividades religiosas.
“Podemos dizer para sintetizar a história dos shows na Festa da Penha que: a Igreja pega carona numa iniciativa que a prefeitura já fazia e passa a propor que a programação cultural inclua a religiosidade, com a concordância da prefeitura de que essa integração era mais coerente com a proposta da Festa de Nossa Senhora”, ressalta.
Com essa mudança os shows entraram como proposta de evangelização. “O sentido de encerrar com show tinha a ver com o próprio sentido da Festa: celebrar as alegrias de Nossa Senhora pela ressurreição de seu filho. Afinal, a Festa da Penha é a Festa de Nossa Senhora das Alegrias. Então a Comissão entendia que o elemento alegria, elemento cultural, de show se encaixava bem, mas nem sempre o cantor que a prefeitura estava trazendo, se encaixava no perfil da Festa. Pegamos uma carona naquilo que a prefeitura já fazia e implementamos o caráter religioso”.
Um outro ponto que foi analisado para a realização dos shows é que a Festa da Penha ultrapassa os limites da Igreja e ela já é uma questão cultural. Sempre atraiu um público mais maduro, de pessoas adultas e idosas e o show era uma tentativa de trazer um público mais jovem. “Tem três elementos interessantes a considerar. Se você observar o movimento no dia da Festa, tem um público que vem para a missa de encerramento e fica para o show. Tem um público que vem para a missa e vai embora. E tem um público que vem só para o show”.
Em relação à escolha do cantor religioso, era avaliado quem estava na mídia, que tinha proposta que fosse ao encontro com o que a festa propõe, mesmo não relacionando especificamente com o tema. Maria da Luz detalha que Dom João Braz que foi auxiliar do Arcebispo Metropolitano Dom Silvestre Scandian (1984 – 2004) se dedicou intensamente, deu um tom de seriedade à organização da Festa da Penha e colocou o foco na religiosidade.
“Porque a Festa da Penha tem o aspecto devocional, e a gente trabalhou muito isso na época que Dom João Braz era Bispo Auxiliar, em Vitória. Dom João levava a Comissão da Festa para Ponta Formosa durante uma semana para preparar tudo, era quase como um retiro de preparação e ali a gente decidia tudo: o tema, os subtemas da semana e onde as homilias iriam caminhar para que tudo estivesse em sintonia com a proposta que a Igreja estava trabalhando naquele ano. Porque a Festa da Penha vem na sequência da Páscoa, e a Páscoa é precedida pelo tema da Campanha da Fraternidade. Então era uma reflexão em cima disso tudo para chegar nos nomes que viriam, que trariam propostas legais de complemento e que trouxessem um outro público, mais jovem, que gosta de música e de uma outra forma de evangelização”.
Os registros fotográficos disponíveis no Centro de Documentação da Arquidiocese de Vitória mostram padre Zezinho no Palco da Festa da Penha no ano de 1998. Depois disso existem registros de outros cantores no arquivo pessoal de Maria da Luz, com data a partir de 2008. Não existe um histórico exato de quantas vezes padre Zezinho veio participar da festa, mas é algo em torno de três ou quatro vezes e ele sempre atraía multidões de fieis e Maria da Luz revela uma curisiodade:
“Padre Zezinho durante toda a carreira de cantor fazia questão de dizer esta frase: ‘eu não sou um cantor, eu sou um padre e canto’. Quando ele era convidado para um evento que tinha missa ou uma celebração religiosa ele sempre participava desse evento concelebrando e ao final cantava”.
Outro cantor que participou mais de uma vez da Festa da Penha, foi padre Fábio de Melo. Inclusive antes de se tornar famoso e ser reconhecido no Brasil e no mundo. Confira abaixo um histórico das participações por ano.
2007 – Padre Fábio de Melo
2008 – Padre Zezinho
2009 – Padre Zezinho e os Cantores de Deus
2010 – Padre Fabio de Melo
2011 – Padre Reginaldo Manzotti
2012 – Padre Juarez
2013 – Cantores de Deus
2014 – Padre João Carlos
2015 – Padre Fábio de Melo
2016 – Comunidade Shalom com O Canto das Írias
2017 – Padre Anderson Gomes
2018 – Thiago Brado
2019 – Banda Adventus
2020 – Show com Ana Cíntia – Transmitido
2021 – Não teve (pandemia)
2022 – Fafá de Belém
Veja fotos da participação de Padre Zezinho em 1998