Davi Lutzke| “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. (Lc 23, 43)
Hoje celebramos a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, na qual se encerra o Ano Litúrgico. Também com esta solenidade a Igreja no Brasil inicia o seu terceiro ano vocacional, que se encerrará nesta mesma solenidade do ano de 2023, com o tema: “Vocação, graça e missão”, e o lema: “Corações ardentes, pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33). Inicia-se, também neste domingo, a Campanha para a Evangelização.
A Solenidade de Cristo Rei do Universo foi estabelecida pelo Papa Pio XI, em 1925. No contexto da época, a Igreja via como necessário reafirmar a soberania real de Jesus e de seus ensinamentos em um mundo que ia se afastando cada vez mais do Senhor. Já se passaram quase 100 anos, mas ainda caberia a pergunta a todos nós se o mundo está caminhando ou não, rumo ao Reino instaurado por Cristo.
Porém, ao falar de realeza, facilmente nos afogamos em mal-entendidos, pois a experiência histórica que temos a respeito de reis, que detinham um poder absoluto sobre seus povos, é quase sempre de um homem com o coração corrompido pelo poder e ferido pelo pecado, fazendo recair sobre seu povo terríveis injustiças, dores e sofrimentos.
No entanto, esta solenidade que celebramos hoje não tem por tema central o poder de Deus, como muitos pensam. Celebrar Cristo Rei do Universo significa, antes de tudo, a universalidade da salvação, ou seja, a boa notícia de que ela é oferecida a todos e de que Deus não faz acepção de pessoas. Celebrar a realeza de Jesus significa que a realidade por ele semeada, pequena como uma semente de mostarda, vai se plenificar e dar frutos que podem ser usufruídos por todos.
O objetivo de Deus sempre foi se manifestar a todos como Pai Amoroso que perdoa incondicionalmente, que “faz nascer o sol sobre os bons e os maus” (Mt 5,45) e deseja dar a todos a vida plena. Todavia, apenas quando acreditarmos realmente que seu amor incondicional deve ser revelado a todos, a cada tradição e cultura e que os povos necessitam receber a Revelação Divina por meio de sua própria sensibilidade para o transcendente, poderemos ser cristãos menos soberbos e mais humildes. Quando isso acontecer, Cristo será, de fato, soberano em nossa vida e Rei do Universo.
No Evangelho de hoje, vemos que Cristo é ridicularizado pelos chefes, soldados e até mesmo por um outro crucificado ao seu lado, porém, ao fazerem isso não percebiam que era exatamente em sua crucifixão que se iniciava o seu Reinado. Aquele que outrora fora preso, humilhado, torturado, crucificado, do alto da cruz perdoa os seus algozes dizendo: “eles não sabem o que fazem”; e ainda mais, o ladrão que reconhece suas faltas ouve do Senhor as mais belas palavras de amor e misericórdia: “ainda hoje estarás comigo no Paraíso”. E assim reitero, o objetivo de Deus sempre foi se manifestar a todos como Pai Amoroso, que perdoa incondicionalmente, que “faz nascer o sol sobre os bons e os maus” (Mt 5,45) e deseja dar a todos a vida plena.
Sejamos nós os colaboradores deste Reino de amor, paz e justiça!
Davi Gabriel Lutzke
Seminarista do 2º ano de filosofia
Paróquia de origem: Sant’Ana, Marechal Floriano – ES;
Paróquia de pastoral: Santuário Bom Pastor, Campo Grande, Cariacica – ES.