Dois de abril é o dia de Conscientização do Autismo ou TEA (Transtorno do Espectro Autista) como atualmente é conhecido. A ONU propôs esse dia mundial com o objetivo de chamar a atenção da sociedade e dos governantes sobre esse crescente transtorno do neurodesenvolvimento.
No Brasil, os dados sobre TEA ainda são muito limitados e imprecisos. A Lei 13.861/2019 do presidente Bolsonaro, focou a mudança dessa situação ao obrigar a inclusão de informações específicas sobre pessoas com autismo nos censos demográficos (IBGE). O que temos atualmente são as informações do Censo Escolar (IBGE) que não levanta crianças pequenas fora da idade escolar, nem as incluídas em classes especiais -nos casos mais graves- ou as que não estão na escola, mas, são os números que temos.
O Censo Escolar do IBGE mostra que o número de alunos com autismo, matriculados em classes regulares no Brasil, aumentou 37% entre os anos de 2017 quando eram 77.102 e 2018 quando tinham 105.842 alunos nesta condiçao. Mas, o que assusta é ver a evolução dos números de alunos diagnosticados com TEA, nas mesmas condições, entre 2017 e 2021. Em 2021 esses alunos passaram a ser 294.394, ou seja, um aumento de 382% em um período de 4 anos! O que está acontecendo? Por que esse aumento? A hipótese defendida por alguns especialistas de que os médicos estão agora mais atentos aos sinais do TEA e com isso estão diagnosticando mais, nos parece pouco consistente. A pandemia teve algum reflexo aqui? Não sabemos. A ciência precisa responder essas e muitas outras questões. Precisamos pesquisas para saber as causas da doença e do aumento dela. No ano passado devido à pandemia o Censo foi adiado, devendo ser feito agora em agosto. Acreditamos que a elaboração de políticas públicas consistentes vai ganhar muito com dados brasileiros mais confiáveis.
O que é esse transtorno do neurodesenvolvimento? O TEA é um transtorno que costuma aparecer logo nos primeiros anos de vida, comprometendo principalmente as habilidades de comunicação, de comportamento e de interação social. O diagnóstico muitas vezes precisa ser feito em equipe multidisciplinar – médicos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e psicólogos – pois há uma variação muito ampla em sua manifestação. O diagnóstico não é simples porque muitas causas de distúrbios comportamentais e sensoriais ou atrasos no desenvolvimento da comunicação e da linguagem que podem ser sinais de TEA, também podem ser sinais de outras dificuldades, como por exemplo da surdez. O diagnóstico precoce é muito importante porque as pesquisas mostram que o tratamento precoce melhora significativamente o prognóstico da criança.
Os sinais mais comuns que sugerem o TEA em crianças, que podem ser percebidos no primeiro ano de vida são:
- pouco contato ocular, não sustenta o olhar;
- mais interesse por objetos do que por pessoas;
- não vocaliza/balbucia;
- não responde ao nome;
- apresenta baixa reciprocidade/interação social;
- sente incômodo exagerado a sons altos.
Mesmo um pouco mais velhas podem se somar a esses sintomas iniciais:
- atraso anormal na fala
- a falta de resposta quando é chamada (atender a comandos)
- o desinteresse com as pessoas ao seu redor;
- a constante preferência em brincar sozinha,
- comportamentos repetitivos e incomuns,
- algumas ações como: balançar o corpo, bater as mãos seguidamente, andar nas pontas dos pés e repetir palavras e sons (como um eco).
Mas se seu filho tem idade que poderia reagir de outra forma, se ele apresenta mais da metade destes sintomas, não necessariamente ele tem TEA. Muito cuidado, há inúmeras outras justificativas, assim procure um médico para um diagnóstico. Se com uma avaliação abrangente não houver clareza, se há dúvidas ainda se é ou não TEA, meu conselho é: faz o tratamento profilático, como se fosse TEA com os profissionais que o caso exigir -Fonoaudióloga, Terapeuta Ocupacional e/ou Psicóloga- porque neste caso é verdadeiramente melhor prevenir que remediar. Muito se alcança com as intervenções precoces.