Roger Bongestab
Médico Cirurgião Geral e Nutrólogo
(CRM-ES:9827, RQE:7324 / 7889)
Atualmente, frente à necessidade de promoção da saúde, muito tem sido falado sobre a importância de se manter com alimentação saudável. Dentre as orientações para isso, coloca-se o cuidado com a ingestão de carboidratos. Mas, devemos ter medo de consumi-los?
A resposta a esta indagação é NÂO. Não se deve criar a cultura da “carbofobia”, uma vez que os carboidratos são fundamentais para o equilíbrio alimentar. O que fará a diferença é a qualidade e a quantidade a ser ingerida nas refeições.
A principal função dos carboidratos, também chamados leigamente de “açúcares”, é de garantir oferta de energia, proporcionando a realização de atividades diárias com mais agilidade e disposição. Sua falta leva, portanto, à queda em rendimento físico e também no rendimento mental, com algumas vezes culminando em quadros de fraqueza intensa e desmaios, caracterizando, assim, a conhecida hipoglicemia.
Já o consumo exagerado de carboidratos pode levar ao aumento do peso corporal por meio do aumento da massa de gordura, caracterizada por sobrepeso e obesidade. Essa gordura, por sua vez, leva a alterações metabólicas que geram até diabetes, aumento de colesterol, hipertensão arterial e tantas outras patologias. Na atual condição sanitária do mundo, com a pandemia de COVID-19, sabemos também que o sobrepeso e a obesidade agravam o risco de complicações por esta infecção. Portanto, o cuidado com a composição corporal estende-se muito além da estética.
Como explicitado acima, o cuidado com o consumo de açúcares é necessário, pois seu excesso é transformado e armazenado como gordura pelo nosso organismo. Porém, como escolhê-los? Basicamente, respondo que temos que optar por carboidratos complexos e evitar os carboidratos simples. Ficou mais fácil? Pois bem, nas próximas linhas isso será melhor explicado e facilmente compreendido.
Os carboidratos simples são representados por aqueles que foram refinados, ou seja, passaram pela manufatura da indústria. Metabolicamente, caracterizam-se por serem rapidamente digeridos e absorvidos, elevando os níveis de glicose no sangue e o estímulo à formação de massa de gordura. Representados por alimentos à base de farinhas (trigo, polvilho, fubá), tais como pães, macarrão, e aqueles adoçados com açúcar-de-cana.
Já os carboidratos complexos demoram mais tempo dentro do nosso trato digestivo para serem digeridos e absorvidos sob a forma de glicose. Essa absorção lenta evita que haja picos de glicose no sangue e, desse modo, a energia destes alimentos é ofertada e consumida gradativamente pelo metabolismo, e não haverá excesso de glicose no sangue, tampouco a transformação da glicose em gordura.
Deus nos brinda com uma natureza esplêndida e harmoniosa. Deste modo, os caboidratos são ofertados naturalmente sob sua forma mais complexa, e podemos exemplificar com batata-doce, aipim, inhame, cará, banana-da-terra. Estes são os carboidratos ideais a um plano alimentar saudável e sustentável.
Cabe, aqui, uma ressalva para as frutas, as quais, embora também naturais, possuem um tipo de açúcar chamado frutose que eleva rapidamente a glicose, comportando-se as frutas em sua maioria como carboidratos simples. Porém, o recomendado é não exagerar, sendo que 3 (três) porções diárias de frutas são bem toleradas para as pessoas que não possuem nenhuma condição de saúde que impeça o consumo deste tipo de alimento.
Podemos concluir que os carboidratos ideais são aqueles que descascamos e não aqueles que desembrulhamos. Ideais são aqueles que não possuem código de barras!
Exercite-se. Alimente-se bem. Pratique sua espiritualidade. Seja saudável. Zele pela dádiva da vida. Cuide-se, pois você é a imagem e semelhança de Deus. Continuamos na próxima semana. Até lá!