O terceiro domingo do mês de agosto, a Igreja convida os fiéis para rezar e refletir sobre a Vida Religiosa Consagrada.
São João Paulo II já dizia que a vocação é uma obra prima do amor de Deus. Por ser um mistério, muitos não a entendem, e as vezes julgam que, quando uma moça entra no convento é porque não conseguiu se casar, porque viveu algum trauma, está infeliz…. são visões totalmente erradas.
“A vida religiosa é um mistério. A vocação é um mistério. Quem não está vivendo no meio, não irá entender. Porque hoje infelizmente, nós crescemos, e temos nossa vida quase que já feita. Você nasce, estuda, cresce, casa, tem seus filhos… assim é o que todos imaginam, mas a pessoa quando responde um chamado de Deus, não é bem vista, muitas vezes são chamadas de loucas, como insensatas, dizem que elas irão perder a vida dentro de um convento”, comenta Mariana Premoli, 32 anos, Noviça do Instituto Irmãs Milicianas de Cristo.
A realidade vocacional nas congregações religiosas femininas tem diminuído significativamente e uma das causas pode ser o medo. O medo é um entrave das vocações nos dias de hoje. Sentir medo até certo ponto é bom, mas impede que seja realizado o caminho de escuta aos apelos do Senhor.
“Existe um medo da vida religiosa. Acham que é um bicho de sete cabeças, uma prisão e ao contrário é uma liberdade que Deus nos dá. Muitos jovens têm um ideal: eu quero ter uma boa faculdade, um bom trabalho, quero ser mãe. Mas, muitas vezes não deixa Deus falar ao coração, abafando esse amor do Senhor. Vejo muita gente assim”, comenta Irmã Heloísa Helena, 41 anos, da Congregação Irmã Dimesse Filhas de Maria Imaculada.
Essa “crise de vocações religiosas femininas” apresenta-se como uma preocupação entre as freiras. Um dos motivos que afligem as irmãs, está ligado à dificuldade da instituição em ser atrativa para as mulheres das últimas gerações.
“Nos dias de hoje existe uma dificuldade vocacional para a vida religiosa, em algumas congregações mais, e outras menos. A nossa é uma daquelas que de fato sofre. Não tem muita visão, ou talvez nós não fazemos a animação missionária como se deveria. Também o que acontece com algumas jovens, que se aproximam, fazem um caminho conosco só que no nosso caso, concretamente, nós somos uma congregação, uma vocação missionária ad vitam, ou seja, não só dispomos a entregar o seu tempo, mas a sua própria vida pela missão; isso hoje assusta qualquer jovem. Numa sociedade, numa cultura do imediatismo e do prazer ter um compromisso para a vida e para a missão com disponibilidade de sair do próprio país, é um desafio que nem todas conseguem se expor a isso”, relata Irmã Candida Martins, Irmã Comboniana; congregação de origem Italiana, com 30 anos de trabalhos missionários no Brasil e 40 de vida missionária.
Já, a jovem, Mariana Premoli, noviça do Instituto das Irmãs Milicianas de Cristo, percebe que as congregações precisam ir ao encontro dos jovens, precisam ser vistas, pois o jovem é visual, precisam ver as coisas: “A própria congregação precisa ser jovem também, precisa ir de encontro do jovem. Porque senão o jovem não tem acesso. A congregação também não vai até o jovem então cria essa barreira entre os dois”.
É urgente recriar ou rever a ação missionária nos conventos, tornando-a mais atraente para os dias atuais. A vida religiosa é a loucura que confunde o mundo.
Estatística da Igreja
Os dados estatísticos do Annuarium Statisticum, referentes ao ano de 2016, atualizam alguns aspectos numéricos da Igreja Católica.
Segundo o último Anuário Estatístico da Igreja, as religiosas professas, em 2010 eram 722 mil, diminuindo progressivamente, de modo que em 2016 eram 659 mil (com variação relativa no período de -8,7%).
A contração registrada no número de religiosas professas, no mundo, é substancialmente atribuível a um aumento, considerável das mortes, resultado de uma elevada presença de religiosas em idade avançada, enquanto o número de abandonos da vida religiosa torna-se menos relevante durante o período de referência.