Tal como no último mês falamos das vocações a que Deus chama seus filhos, em setembro temos o convite de meditação e aprofundamento das Sagradas Escrituras, pela qual Deus falou e fala ao coração dos homens (cf. CIC 109).
Ao longo de todo o mês, apresentaremos a beleza do chamado de grandes homens e mulheres das Escrituras que foram convidados a uma importante missão em meio ao povo de Deus, ouvindo e correspondendo à voz do Senhor.
Antes dos relatos da vocação de Abraão, Sara, José, Moisés, ou ainda, do convite de Jesus aos discípulos, serem escritos pelos autores inspirados por Deus, outras pessoas tiveram uma profunda experiência de fé, em meio a tantas adversidades e circunstâncias, confiando suas vidas ao amor de Deus (cf. CIC 106-108).
O Concílio Vaticano II ensina que, “todo o homem aparece como o destinatário da Palavra, interpelado e chamado a entrar, por uma resposta livre, em tal diálogo de amor” (Verbum Domini, n. 22). Logo, a leitura da Palavra de Deus deve ser muito mais que algo automático, mas, ao contrário, devemos aproximarmo-nos dela com reverência, como quem escuta a voz de uma pessoa amada que fala ao coração, numa conversa amorosa, que deseja o bem-supremo, a salvação e a felicidade eternas.
Ao ouvirmos, por exemplo, o Senhor que diz a Abrão “…vai para a terra que eu te mostrar” (Gn 12, 1), podemos nos colocar diante de tal solicitação de Deus. A quais lugares o Senhor deseja que nos desloquemos? Quais terras, quais pessoas sou convidado a encontrar? Que apegos devem ser deixados para trás para que possamos abraçar os projetos de Deus?
Ao adentrarmos os textos bíblicos, vemos ali a fragilidade humana, os medos que estão secretamente encerrados dentro de cada um de nós (cf. Verbum Domini, n. 24) e mesmo os grandes homem e mulheres da Bíblia encontraram dentro de si, em maior ou menor intensidade. Isso faz-nos ainda mais próximos daquelas realidades.
O Senhor Deus, portanto, sabe de nossa fragilidade, mas ainda assim, quer contar conosco, sabedor da nossa dificuldade de falar (cf. Ex. 4, 10), do nosso sentimento de indignidade e pequenez diante da grandeza do chamado (cf. Jr 1, 6; Lc 1, 34), ou até mesmo de nossas infidelidades (cf. Jo 21, 17). Assim mesmo Ele nos chama, como muitas vezes em sua Palavra, e espera de nós uma resposta de confiança e liberdade, no amor.